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domingo, 18 de outubro de 2015

Trabalho sobre 'Movimento Negro Brasileiro'! [Resenha]

MOVIMENTO NEGRO BRASILEIRO:
ALGUNS APONTAMENTOS HISTÓRICOS

Trabalho elaborado para a disciplina de Etnologia Brasileira: Populações Indígenas e Africanas do curso Licenciatura Plena em História.
Orientador: Professor Doutor Luiz Antonio da Costa Chaves



RIO DE JANEIRO
2015

INTRODUÇÃO
Em 1888, a Escravidão Brasileira foi, finalmente, extinguida. Princesa Isabel, com todo seu poder e, principalmente, amor e carinho pelos escravos, assina a Lei Áurea e concede a estes a tão sonhada liberdade. Esta concepção da situação escravista brasileira, a maioria já conhece, visto que é o dado pelo Sistema Educacional. Mas, quando analisamos minuciosamente este tema, vemos quão “mentirosos” são as afirmações citadas acima. Verdadeiramente estes fatos ocorreram, mas há muitas entrelinhas que merecem ser revistas e observadas antes de colocarem Princesa Isabel com uma heroína dos escravos e estes, por sua vez, sempre passivos a tudo. Esta concepção de Escravidão que temos e vemos todo tempo em nossa vida acadêmica não existe mais. É óbvio que não podemos dizer que havia um equilíbrio entre senhores e escravos. Os prisioneiros foram os que mais sofreram. Entretanto, fizeram muitos atos contra seus senhores, como “greves”, para atrasar e complicar as colheitas, fugas, incêndios etc. Porém, estes não teriam ido contra seus senhores se não tivessem ocorrido atos de crueldade contra eles física e psicologicamente. Podemos ver de perto objetos de tortura que eram usados para punir quando vamos à Ouro Preto (Minas Gerais), por exemplo. Voltando às frases iniciais, quando Princesa Isabel “aboliu” a Escravidão, a maioria dos escravos já estava libertos, vide as outras leis que outrora entraram em vigor. Porém, muitos voltavam aos engenhos, pois na condição de “liberto” tiveram dificuldades sociais, como conseguir trabalho, habitação, educação, saúde pública, participação política, enfim, a ser cidadão.

RESUMO
Petrônio Domingues é doutor em História da Universidade de São Paulo e Professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Em seu artigo ‘Movimento Negro Brasileiro: alguns apontamentos históricos’, fala da luta pela inclusão social do negro e superação do racismo na Sociedade Brasileira a partir de 1889, com a Proclamação da República. Divide, assim, o Movimento em quatro fases, mostrando suas dificuldades, consequências e os métodos com os quais os negros foram agindo perante a Sociedade e a Política.

Na primeira fase do Movimento Negro, não há nada assegurado para os negros. Há a criação de diversos grupos, sendo os maiores o Grupo Dramático e Recreativo Kosmos e o Centro Cívico Palmares (1926). Esta Instituição, assim como as outras, não era voltada para o combate ao racismo diretamente e, sim, uma forma de agregar, ou seja, eram grupos assistencialistas, proporcionando lazer e cultura aos “homens de cor”. Em 1899, cria-se a Imprensa Negra, jornais com o intuito de publicar as questões negras. Ela conseguia reunir pessoas com o fim de “empreender a batalha contra o ‘preconceito de cor’” (pág. 105). Eram as mazelas publicadas, denunciadas. Há a criação, em 1931, da Frente Negra Nacional, que conseguiu converter o Movimento Negro Brasileiro em movimento de massa. Cita-se o importante papel das mulheres. Em 1936, a Frente Negra Brasileira torna-se um partido, mas com o advento da Ditadura de 1937, todos os partidos são “eliminados”.

Após a ditadura ‘Varguista’, vem a segunda fase do Movimento Negro. Outros grupos são formados, sendo um dos principais a União dos Homens de Cor (UHC), que tinha como objetivo elevar o nível econômico e intelectual das pessoas de cor. Seu jeito de atuar era fazendo debates na imprensa local, publicação de jornais próprios, entre outras formas de agregar o negro. Mas, novamente temos uma Ditadura (1964) e “acaba-se” a União dos Homens de Cor. Vale ressaltar a criação, em 1944, do Teatro Experimental do Negro (TEN), que defendia os direitos civis dos negros na qualidade de direitos humanos. Esta Instituição defendia a criação de uma legislação anti-discriminatória para o país. “Para o PCB, as reivindicações específicas dos negros eram um equívoco, pois dividiam a luta dos trabalhadores” (página 111).

Sobre a terceira fase do Movimento Negro, o autor faz uma divisão entre plano externo e interno. Neste, ele cita que foi marxista, no qual o capital era o que alimentava o racismo. Naquele, o pretexto negro inspirou-se na luta a favor dos direitos civis dos negros estadunidenses e nos movimentos de libertação dos países africanos. Com a criação do Movimento Negro Unificado (MNU), desenvolveu-se a proposta de unificar a luta de todos os grupos e organizações anti-racistas em escala nacional, ou seja, fortalecer o poder político do Movimento Negro. Este passou a intervir repetidas vezes na área educacional (livros e capacitação profissional). Foi uma etapa mais forte em relação às “imposições” dos negros, como colocar nomes africanos e a religião deveria ser africana. Segundo esta fase, a mestiçagem era usada com o intuito de branquear a população.

A quarta fase refere-se à introdução do hip-hop, pois este estilo fala a linguagem da periferia. Este movimento “expressa a rebeldia da juventude afro-descendente, tendendo a modificar o perfil dos ativistas do Movimento Negro; seus adeptos procuram resgatar a auto-estima do negro, com campanhas do tipo: Negro Sim!” (página 119).

Palavras-chave: Movimento Negro, Racismo, Abolição, Princesa Isabel, Discriminação, Escravos, Senhores, Engenho, Luta, Lei Áurea.
                                                                      
RESENHA
“Movimento Negro Brasileiro: alguns apontamentos históricos” (SciELO, Tempo, 2007, 23 páginas), do Doutor em História  pela Universidade de São Paulo e Professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Petrônio Domingues, analisa as quatro fases do Movimento Negro após a assinatura da Lei Áurea.

O presente Artigo escrito por Petrônio Domingues disserta de forma clara, concisa, coesa e coerente sobre a luta pela inclusão social no negro e o fim da discriminação racial na Sociedade Brasileira. Para isto, ele divide o texto em quatro grandes e fortes fases do Movimento Negro e um quadro bem descriminado, o que não o deixa cansativo.

A primeira fase, logo após a Abolição, foi marginalizada. Isto não deixa de ser óbvio, porque tudo que é novo é estranho. Logo, a probabilidade de não ser aceito é bem maior que o contrário ocorrer. A tentativa de mudança no cotidiano social foi por meio da criação de grupos e da Imprensa Negra. Nesta fase, temos um movimento de Assistência e não de um combate direto contra o Racismo. Cita-se a importância da fundação da Frente Negra Brasileira (FNB), que conseguiu converter o Movimento Negro Brasileiro em movimento de massa. Torna-se um partido, mas é fechado devido à Ditadura (1937). Tendo esta terminada, analisa-se a segunda fase do Movimento Negro com a ampliação de sua ação: promoção de debates, jornais, serviços de assistência jurídica e médica, ações voluntárias entre outras atitudes. Porém, novamente temos uma Ditadura (1964) e os partido “caem”. Até aqui, temos Movimentos Tradicionais tendo como principal princípio ideológico o Nacionalismo e como posição política de “direita”. Na terceira fase, tem-se como princípio ideológico o Internacionalismo e como posição política uma esquerda Marxista. A visão era de que o Capitalismo alimentava o Racismo. Logo, só se teria uma Sociedade Igualitária com a “destruição” deste Sistema. Há a criação do Movimento Negro Unificado (MNU), que unificou a luta de todos os grupos anti-racistas em escala nacional a fim de fortalecer o poder político do Movimento Negro. Nesta fase podemos inferir lados positivo e negativo do Movimento. O positivo seria o fato dos ativistas intervirem bem na área educacional. Isto é muito bom e deveria ocorrer ate hoje. Quanto mais Educação, mais a população sabe. Quanto mais Educação a população tem, menos alienação temos. Logo, este ato de re-analisar a Pedagogia foi muito bem pensada. Já no lado negativo, temos ativistas impondo condições perante a população negra: os nomes têm que ser africanos, a religião tem que ser africana etc. Ou seja, eles vêm por décadas lutando por uma causa e, quando estão em uma iminência de conseguirem algo, começam a impor as suas condições, ou como diria no popular, começam a “mostrar as garras”. E na quarta fase, a base é a introdução do hip-hop, o qual “fala a linguagem da periferia” (página 119). O autor conclui afirmando aquilo que nós sabemos: os negros conseguiram a liberdade, mas sua entrada na Sociedade como Cidadão por completo foi e até hoje é difícil.

COMPARAÇÃO
Quando falamos de Escravidão Brasileira, logo vem à mente Senhores de Engenho no período Colonial como pessoas autoritárias e que viviam para explorar e punir os Escravos. Estes eram as pessoas humildes e pobres que vinham da África e aqui ficavam sendo altamente exploradas por aqueles, tudo isto pacificamente, ou seja, sem poder fazer nada. Entretanto, como já foi mencionado na Introdução deste Trabalho Acadêmico, quando se estuda a fundo o processo de aproximadamente três séculos de nossa Escravidão, analisamos que não foi bem assim que funcionou.

No livro “Negociação e Conflito” de João José Reis e Eduardo Silva, no capítulo 04, o título já diz tudo: “Fugas, Revoltas e Quilombos: Os Limites da Negociação”.  A questão do Movimento Negro pela liberdade não precisa necessariamente ser proferida a partir da Abolição. Muitas outras ações eram feitas por eles para romper com esta exploração, aliás, não é por que é Escravo que é Alienado. Eles sabiam o valor que tinham. Eles sabiam que se faltassem, o Senhor não ficaria bem, pois a produção no Engenho começaria a estagnar. Havia as fugas reivindicatórias, como se fosse uma greve, ou seja, por direitos e acordos. As insurreições/rompimentos, nos quais eles fugiam para nunca mais serem achados. Como se diz no popular: é conseguir a liberdade “na marra”.

Entramos em “Nosso racismo pós-escravista”, capítulo 5 do livro “Brasil em preto e branco”, de Jacob Gorender. Este texto “tem mais a ver” com o aquilo que Petrônio Domingues, autor do Artigo estudado, diz. Antes mesmo de 1888, da Lei Áurea e Princesa Isabel, a maioria dos escravos já estava na condição de “Livre”. Mas, por política entre outras causas, houve a assinatura da lei que aboliu “definitivamente” a Escravidão em nosso país. Porém, depois deste grande evento, não houve mais nada em relação aos ex-prisioneiros. Como uma pessoa que por anos ficou à mercê da Sociedade será re-integrado a esta? Neste momento que surgem os Movimentos Negros.

Vale ressaltar a Teoria do Branqueamento. Esta dizia que a mestiçagem seria o caminho para deixar o país branco/ariana. J. B. de Lacerda presumia a extinção da raça negra do Brasil fazendo misturas raciais principalmente com os italianos. Em 1910, ele previu que em 2012 a Sociedade Brasileira estaria dividida da seguinte forma: 80% brancos, 3% mestiços, 17% índios e 0% negros. Os índios iriam continuar isolados e mestiços e negros iriam se misturar com europeus e iriam branquear. Como podemos analisar, e, para isto, basta olhar para o lado, esta Teoria foi totalmente errônea.

BIBLIOGRAFIA
CHAVES, L. A. C. Algumas considerações sobre a história afro-brasileira: a escravidão no Brasil e suas origens africanas, Rio de Janeiro.
BELLUCCI, Beluci. As Relações Brasil-África no contexto do Atlântico Sul. Edicota Ucam, Rio de Janeiro, p. 31-67, 2003.
DOMINGUES, Petrônio. Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo, 2007, vol.12, no.23, p.100-122. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-77042007000200007&lng=en&nrm=iso > acesso em 26/05/2015.
GORENDER, J. Brasil em preto e branco. Editora Senac, São Paulo, n.4, p. 55-70, 200?.
PEREGALLI, Henrique: Escravidão no Brasil – 3.ed., São Paulo: Global, 1997
REIS, J.J.; SILVA, E. Negociação e conflito: A resistência negra no Brasil Escravista. Companhia das Letras, São Paulo, p. 62-78, 1989.


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Autor do Artigo: Raphael Paiva
(Acadêmico em História | Criador do Blog | Professor de Inglês | Responsável pela correção Ortográfica)

Contato: raphaelpaiva89@hotmail.com

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OUTROS ARTIGOS DO AUTOR:
Artigo 01:
TITANIC: O Pseudo Acidente!?

Artigo 02:
História da Música Evangélica Brasileira: Causas e Contexto de sua origem!

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Chega do Rio Colônia: As mudanças de Pereira Passos!


Nos últimos anos, desde a eleição do Prefeito Eduardo Paes, o Rio de Janeiro vem vivendo uma verdadeira fase de transformação por todo seu território. Em 450 anos de história percebemos que houve sempre mudanças em nossa cidade, mas mudanças em setores e lugares específicos. No início era estruturação no morro do castelo, logo veio a expansão da Cidade, a demarcação de seus limites - primeiro a Praça da República e depois Praça da Bandeira. No Império analisamos o nascimento de chácaras e fazendas em grande expansão para Zona Oeste e subúrbio, o crescimento dos bairros com a expansão da linha férrea e as obras no Centro e por fim, a política de retirada de algumas comunidades de pontos estratégicos na Zona Sul e no Centro nos anos 40. Mas as mudanças que estão acontecendo, ao mesmo tempo por toda a cidade, nada mais é que a resposta do governo por mais de 50 anos de atraso na infra-estrutura da Cidade. Nosso Prefeito, que se auto intitula 'o novo Pereira Passos', estaria reeditando o “Bota a baixo” do Pereira Passos? Será que podemos fazer uma ligação presente-passado? Eduardo Paes está colocando toda a Cidade a baixo para promover obras de infra-estrutura nesta. Não vou debater o porquê disto, mas vou procurar fazer uma ligação entre os dois prefeitos para mostrar ao leitor que um tem muito a ver com o outro e que é possível construir uma ponte ligando os dois acontecimentos, pois, se o Prefeito Eduardo Paes está colocando a baixo a Cidade, Pereira Passos fez a mesma coisa, na “cidade inteira”.

INTRODUÇÃO
Vamos imaginar um cenário antigo, uma metrópole nascendo, capital de uma colônia, depois capital do Império e que seria capital da República, mas que ainda tinha uma infra-estrutura que parecia uma cidade medieval da Europa dos 1500. Uma cidade onde mais de 2/3 da população concentrava-se perto do centro e adjacências e as fazendas e plantações ficavam em lugares mais afastados.

Vamos imaginar um centro da cidade de ruas de pedra, estreitas, com pouca iluminação e ainda feita por óleo de baleia. Uma cidade onde o saneamento básico não existia e as pessoas jogavam seus dejetos pessoais na rua ocasionando inúmeras epidemias. Ex-escravos libertos por efeito da lei áurea estavam uns vagando pela cidade sem destino, outros tentando a vida no comércio e outros subindo para os morros e formando as primeiras comunidades (favelas).

Mas esse quadro “medieválico” começa a mudar com a escolha de um prefeito que mudaria para sempre toda a estrutura do que viria a ser a cidade mais conhecida do Brasil. Seu nome foi Pereira Passos e esse jamais seria esquecido por nenhum bom carioca ou governante.

Palavras Chave
Rio de Janeiro - Pereira Passos - Mudanças - obras - Capital Federal

DESENVOLVIMENTO

UM RIO QUE NADA PARECIA COM UMA CAPITAL FEDERAL
O RIO ANTES DE PEREIRA PASSOS
O Rio de Janeiro, então capital federal, vivia turbulências em todos os setores - social, transporte, saúde publica, política. Segundo pesquisas realizadas, a cidade do Rio de Janeiro possuía uma população de mais de um milhão de habitantes no início dos anos 1900. Além disto, a grande massa estava convivendo com verdadeiros problemas que assolavam o futuro da capital federal. A população a cada dia crescia mais e de uma forma desordenada. Existia o problema dos escravos libertos que, sem condições mínimas de sobrevivência, vivam perambulando pelas ruas onde realizavam todas as suas necessidades fisiológicas e em qualquer lugar. Para completar, visto que não existia rede de esgoto regular na cidade, geralmente os moradores jogavam seus dejetos pelas praias ou muitas vezes pelo chão das ruas do centro. Com o fim da escravidão, a cidade passou a receber um grande contingente de europeus que chegavam à cidade aos milhares, atraídos por oportunidade de trabalho no lugar dos escravos, juntando-se a enorme quantidade de ex-escravos e, por consequência, aumentando ainda mais a população. Ruas mal iluminadas durante o período noturno, postes nas ruas ainda iluminados a base de fogo produzido por óleo de baleia, negros espalhados pelo chão largados à própria sorte. O transporte público era um verdadeiro caos, os trens constituíam um verdadeiro martírio, com pouca quantidade, cheio de casos de acidentes, as pessoas quase saíam no tapa para entrar nos poucos disponíveis. Os bondes eram puxados no começo à base da tração humana (escravos). Passado esta fase, veio a tração animal (burros), que significou uma maior rapidez, mas em uma cidade já cheia de doenças por todos os lados, a situação apenas se agravava devido às sujeiras que estes deixavam pelo meio do caminho. Como não existia uma equipe de limpeza eficaz, acabavam espalhando-se por todos os lados. Doenças como varíola e a febre amarela e também cólera-morbo estavam presentes em nosso cotidiano e matavam cada vez mais seres humanos que, sem o costume de limpeza e com uma cidade suja, criavam uma verdadeira bomba relógio de doenças e enfermidades. Possuíamos um dos portos mais sujos do mundo, conhecido no planeta como o mais sujo já visitado.

Em 1905, uma comissão foi organizada pelo Governo Federal para examinar os problemas das habitações populares. Constatou-se que as demolições de prédios foram além de todas as expectativas, forçando a população a viver uma situação nômade, volúvel, que vive a vagar por aí. Porém vamos observar mais para frente que essa política seria novamente usada nas obras do prefeito.

A Proclamação da República no dia 15 de novembro de 1889 trouxe uma instabilidade econômica e política no primeiro momento. Com a Monarquia fora do caminho, existia um grupo de poderosos com interesses diversos que queriam assumir a presidência do novo país republicano. Então houve vários momentos tensos para ser escolhido o novo líder da nação depois da saída de Marechal Deodoro da Fonseca. Prudente de Moraes (1894-1898) enfrentou forte depressão econômica proveniente da política mal dimensionada de Rui Barbosa, conhecida como Encilhamento (1888-1891). Já o governo Campos  Salles (1898-1902) buscou melhorar a economia e a política brasileira, e usou Funding Loan (1898) do acordo da dívida, elaborou e executou um plano financeiro e mexeu com a política dos governantes. Enfim, o Brasil passou por brigas das oligarquias, recessão econômica até chegar a uma certa estabilidade, o que possibilitou ao Presidente Rodrigues Alves (1902 – 1906) ajudar bastante na reformulação da capital federal, tanto que possibilitou a República respirar aliviada na parte econômica.


Com o "respiro" do governo, o futuro prefeito de nome Pereira Passos foi chamado pelo Ministro da Justiça, J.J.Seabra, para colaborar com o novo governo. Pereira Passos exigiu plenos poderes e arbitrários para poder assumir o cargo oferecido, o de prefeito da cidade. Então, com base no seu pedido, no dia 29 de dezembro de 1902 foi aprovada uma lei especial que adiava as eleições do Conselho Municipal e estabeleceu poderes em sua máxima plenitude ao Prefeito.

A FORMAÇÃO DE PEREIRA PASSOS
Prefeito Pereira Passos (esquerda) e Barão Rio Branco (direita)
Francisco Pereira Passos, filho de Antonio Pereira Passos, o famoso Barão de Mangaratiba, e Dona Clara Oliveira Passos, nasceu em 29 de agosto de 1836, no Município de Piraí, Estado do Rio de Janeiro, e veio a falecer dia 12 de março de 1913 a bordo do navio Araguaia, em viagem à Europa. O menino Francisco foi criado em uma grande fazenda de café de seu pai, a Fazenda Bálsamo, situada no município fluminense de São João Marcos que, antes de ser elevada à Vila por D. João VI em 1813, pertencia a Resende e atualmente é distrito de Rio Claro.

A vida de estudos de Pereira Passos começou em sua casa mesmo, onde professores particulares davam aulas para ele. Ao completar 14 anos, seguindo tradições da Oligarquia Rural, o Barão de Mangaratiba mandou seu filho estudar na Corte, no Colégio São Pedro de Alcântara, no Rio de Janeiro, onde completou seus estudos preparatórios. Teve como colegas os influentes Floriano Peixoto e Oswaldo Cruz (com quem iria trabalhar diretamente e seria de uma importância ímpar no seu governo). Em Março de 1852, ingressou na Escola Militar, a qual viria a ser mais para frente a escola Politécnica do Rio de Janeiro, e assim, no dia 24 de dezembro de 1856, foi elevado a Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas, rendendo-lhe o diploma de Engenheiro Civil. Pereira Passos sofreu influências significativas das idéias positivistas que ganharam força a partir da segunda Revolução Francesa, e tornou-se muito amigo de um dos grandes arautos da ideia republicana no Brasil: Benjamin Constant.

Como uma espécie de tradição da época, jovens de famílias bem sucedidas ingressavam em carreiras de futuro que garantiriam prestígio e renome. Com Pereira Passos não foi diferente e entrou para a vida diplomática. Em 1857 foi nomeado adido á legação brasileira em Paris (como um chanceler), onde se estabeleceu e ficou até 1860. Lá buscou especializar-se mais dentro da Engenharia Civil e resolveu completar seus estudos, onde estudou na Ècole Nationale dês Ponts ET Chaussées, no qual foi admitido em 4 de setembro de 1858. Também participou, como ouvinte, dos cursos de Arquitetura, Estrada de Ferro, Portos de Mar, Canais e Melhoramento de Rios Navegáveis, Direito Administrativo e Economia Política; ou seja, tudo que ele poderia e viria a usar mais para frente em seus planos de reformulação da cidade. Devido a seu interesse e destaque como ouvinte, foi convidado a praticar o que lhe foi ensinado, começando a trabalhar como Engenheiro na construção da Estrada de Ferro Paris - Lion - Mediterranée. Participou das obras do porto de Marselha e na abertura do túnel do Monte Cennis.

Durante esse período de estada, Pereira Passos testemunhou uma mudança radical na estrutura do Estado francês que, com certeza, teve uma grande influência na remodelação da Cidade do Rio de Janeiro. Ele viu de perto a Revolução Liberal de 1848, na qual nos escombros de uma Paris velha começou a se ter uma ideia de uma cidade, uma nova metrópole linda, de ruas largas, saneamento básico eficaz, uma imposição de uma nova ordem social e política. Esta modernização, de sua implantação até sua finalização, levaria 18 anos (1852 a 1870) e seu responsável foi Georges Eugéne Haussmann.

O INÍCIO DA MUDANÇA
ATUANDO EM TERRAS DO BRASIL E A FAVOR DO CRESCIMENTO
Estação D. Pedro II - antigo prédio
Ao voltar ao Brasil em 1860, dedicou-se a expandir a malha ferroviária brasileira, exatamente no momento em que a economia cafeeira crescia em grande importância, vendo ali a oportunidade de captar esse avanço econômico e proporcionar uma maior circulação do café por todo o país. Tendo uma malha ferroviária maior, o café seria exportado mais facilmente e poderia usar o trem para levar o produto aos portos. Participou diretamente da construção da ferrovia Santos - Jundiaí, inaugurada em 1867. Substituiu o senhor J. Whitaker na comissão criada para estudar e explorar o traçado de prolongamento da Estrada de Ferro D. Pedro II, que tinha como possível futuro a expansão até o rio São Francisco (1868) e ainda trabalhou sem descanso para integrar todo o país através da malha ferroviária, através da criação da primeira malha do Nordeste. Devido a isso foi nomeado Engenheiro-Presidente da E.F.D Pedro II no ano de 1869.

No dia 10 de dezembro de 1870 foi alçado ao cargo de Consultor Técnico do Ministério da Agricultura e Obras Públicas. No ano seguinte, viajou ao lado de um dos maiores empresários do nosso país, o Barão de Mauá. Foram à Europa com a função especial de Inspetor Especial das Estradas de Ferro, em nome do Governo Imperial, e tinha como missão firmar, na capital inglesa Londres, um acordo para “liquidar” a questão do “capital garantido” à E.F. São Paulo Railway, que justamente ligava Santos a Jundiaí. Permaneceu na cidade até o ano de 1873 para a assinatura definitiva do contrato. Essa sua nova passagem na Europa teve uma teor mais técnica, pois, enquanto esteve lá, teve a oportunidade de visitar vários países a fim de ver as obras das ferrovias. Na visita à Suíça, conheceu a estrada de ferro que subia o Monte Righi, com rampas de até 20 graus (para isto foi usado um novo sistema, com trilho central dotado de encaixes, no qual uma roda dentada apoiava-se para impulsionar o trem). A pedido de seu companheiro de viagem Barão de Mauá, Pereira Passos passou a estudar a fundo esse novo sistema com a finalidade de aprender e levar para ser usado no Brasil (usado para a subida da serra em direção a Petrópolis). Em Londres, ainda, Pereira Passos publicou uma obra com o titulo “Caderneta de campo”, um trabalho espetacular o qual foi usado por quase todos os engenheiros brasileiros da época. O livro foi direcionado ao trabalho ferroviário com técnicas e novos métodos de trabalho.

O primeiro trecho da sonhada estrada foi construída por iniciativa de Mauá que ligava o Porto Mauá a Raiz da Serra. Esta foi a primeira estrada de ferro do Brasil. Pereira Passos usou a técnica aprendida na expansão do trecho entre Raiz da Serra e Petrópolis (cidade onde morou quando voltou ao Brasil) na Estrada de Ferro do Corcovado.

Mauá provavelmente gostou muito do trabalho de Pereira Passos, tanto que o chamou para assumir a direção do arsenal da Ponta da Areia, inaugurado pelo próprio Mauá fazia já algum tempo, mas que estava em condições precárias desde o fim da Guerra do Paraguai. Foi totalmente modernizado por Pereira Passos e que, graças a isso, passou a produzir vagões, trilhos etc. Entretanto, devido à falta de interesse de investimento governamental, a empresa Arsenal sucumbiu anos à frente.

Pereira Passos a cada ano que passava escalava cargos cada vez mais importantes. Em 1874 foi nomeado Engenheiro do Ministério do Império, o qual era presidido por João Alfredo (homem conhecido pelos seus ideais abolicionistas). Esse novo cargo possibilitou a Pereira Passos fiscalizar todas as obras do Império. Logo depois, ele foi convidado a integrar uma comissão responsável por apresentar um plano geral de reformulação urbana para a capital, que incluía o alargamento de ruas, construções de grandes e extensas avenidas, destruição de morros, canalização de vários rios e mangues e outras melhorias que transformaria a cara da capital do Império brasileiro. Mas para que isto fosse possível, foi necessário fazer um levantamento estratégico e extremamente detalhista, que pudesse traçar um esboço que serviria para ajudar o futuro plano direto da cidade, que, claro, seria chefiado por Pereira Passos. Este levantamento foi feito nos anos de 1875 e 1876.

Enquanto isso Pereira Passos continuava a ajudar o crescimento do Brasil. Entre 1876 e 1880, passou a dirigir a E.F.D. Pedro II. Nesse período curto ajudou e conduziu a ampliação da estação da Corte, as construções do ramal ferroviário e da estação marítima da Gamboa, sendo todo este complexo inaugurado em 1880, ano esse que voltou a viajar para a Europa, mas precisamente para Paris onde, entre os anos de 1880 e 1881, frequentou o curso na Sorbonne e no Collége de France, usando o conhecimento aprendido e sua bagagem de capital cultural para escrever uma nota que foi publicada na Revue Generale dês Chemins de Fer, em julho de 1881. Aproveitando o tempo que tinha quando não estava estudando, realizou visita à fábrica de transportes, siderúrgicas e de obras públicas na Bélgica e na Holanda. No ano de 1881, no mês de abril, foi contratado como Engenheiro Consultor pela Compagnie Générale de Chemins de Fer a qual detinha direitos para a construção da ferrovia no Paraná, que iria ligar o porto de Paranaguá à capital da província, Curitiba. Pereira Passos tinha plenos poderes na realização e no comando da obra. Fixou-se durante um breve tempo na província e em 1882 a ferrovia já estava em operação.

Voltando ao Rio de Janeiro e tendo assumido a presidência da Companhia de Carris de São Cristóvão, veio a substituir o Visconde de Taunay. Após sanear a empresa, em 1884 propôs a um dos seus maiores acionistas a aquisição de um projeto que iria revolucionar a estruturas da cidade. O projeto do Italiano Giuseppe Fogliani consistia na construção de uma grande avenida, proposta esta aprovada pelos 30 grandes acionistas da empresa, porém não saiu do papel. Mas isso seria o início das maiores obras de sua gestão. Vinte anos depois essa seria a ideia do projeto da Avenida Central (atual Rio Branco). Mas, como analisaremos mais para frente, outro projeto que deu uma solução melhor para essa nova avenida, sem túneis, sem pontes, com uma leve inclinação das ruas ao lado: o projeto de Bernard Savaget de 1890. No período republicano Pereira Passos ainda ajudou na construção da Estrada de Ferro Bahia - São Francisco, de 573 km, inaugurada em 1896, exercendo a função de Fiscal.

O PREFEITO E SEU MANDATO
Avenida Central: a grande obra
O agora Prefeito Pereira Passos é nomeado e assume a prefeitura no dia 30 de dezembro de 1902 e, desde os primeiros minutos no cargo, começa a trabalhar para mudar a capital federal e começa a colocar em prática tudo o que ele aprendeu em suas viagens.

A autora Rosso Del Brenna, que escreveu o livro 'O Rio de Janeiro de Pereira Passo: uma cidade em questão', divide a administração do Prefeito em quatro fases:
01. 1902-1903 - Projetos e Estratégias;
02. 1904- O ano das demolições;
03. 1905 - Repressão e Consenso; e
04. 1906 - Ano das Inaugurações.

Como escrito acima, o Rio de Janeiro do início do século XX era uma cidade suja, cheio de costumes ruins, lixo pela cidade, cidadão que não se preocupava com a limpeza, animais pelas ruas - ou puxando os bondes ou simplesmente largados pelas ruas - costumes inviáveis para uma cidade que era capital federal de uma nação. Então o novo prefeito começou a escrever e por em prática uma série de decretos e atos com a intenção de extirpar velhos hábitos e impor limites, impor uma disciplina a todos os setores da sociedade, uma nova ordem republicana, para desaparecer de vez o traço colonial.

Existem vários exemplos que poderiam ser colocados aqui, mas analisemos as de maiores destaques para seu conhecimento, a fim de que vocês possam perceber o quanto o Prefeito queria mudar a cidade:

- Proibição do comércio ambulante de leite, realizado com tração animal;
- A venda de miúdos de reses em tabuleiros descobertos;
- Venda bilhetes de loteria em ruas, praças e bondes;
- Suspensão de obras em 15 freguesias, obras essas sem a autorização da prefeitura;
- Retirada de todos os cães vadios das ruas;
- Esmolas nas ruas;
- Criação dos porcos no distrito federal;
- Cuspidura no assoalho do bonde;
- Pingentes dos bondes.

Houve várias outras proibições que na época a mídia e a população acharam absurdas e muitas engraçadas, com direito a recortes de jornais da época tirando um sarro de toda a situação. Mas a intenção dele era acabar com as fezes espalhadas pelo Centro, a quantidade de sujeira, o número de mendigos (negros) nas ruas, o número excessivo de animais como bois, cavalos, burros e cães. Para os leitores terem uma ideia, o decreto dos cães foi aprovado no dia 11 de abril de 1903. Entre a data da sansão do decreto e o mês de maio foram capturados 2.212 cachorros. Dois anos depois já estava na casa de 20 mil cães capturados e sacrificados. Ainda no mês de abril iniciou-se um pequeno ensaio de demolições para o alargamento e extensão de ruas e avenidas, e nesse período foi apresentado a todos o plano de remodelação da cidade.

Jornal da época
O discurso do novo governo era a necessidade de sanear e higienizar a cidade, acabar com o maior número de doenças, impor a toda a população carioca novos hábitos e atitude de vida, que viesse a condizer com as últimas descobertas da Biologia, da Medicina e com a estrutura das grandes metrópoles europeias.

Mas não podemos nos enganar: por trás desse plano de revitalização da cidade existia interesses, estes da base das oligarquias cafeeiras, que estavam interessadas na ampliação da linha férrea para escoar a produção, das construtoras francesas que estariam de frente nas obras e da companhia de energia, que buscava consolidação nesse novo mercado e tinha interesse no monopólio do mercado de energia e bondes e a recente indústria automobilística norte-americana que visava a expansão do mercado de carros.

O ano de 1904 foi um ano bem difícil para o governo. Foi o ano que as grandes demolições começaram, o que gerou os questionamentos jurídicos da parte de moradores e comerciantes do centro, uma briga que de nada adiantaria, pois as desapropriações aconteceriam da mesma forma. Ao mesmo tempo, o Prefeito era bombardeado pela imprensa que, aliás, não foram nada gentis com duras críticas e brincadeiras envolvendo o nome dele e de suas obras. Por toda a duração de seu mandato, a imprensa bateu violentamente.

O Rio de Janeiro, que já vivia uma crise habitacional devido o aumento da população vide os fatores já observados anteriormente, piorou ainda mais. Para efeito de números, entre os anos de 1890 a 1906 a população carioca aumentou 55%. Os cortiços eram a moradia de 25% da população e teve seu número reduzido para a expansão da cidade, fora as casas e igrejas que desapareceram com as obras. No dia da inauguração da Avenida Central (Rio Branco), no dia 15 de novembro de 1905, haviam sido derrubadas 1.681 habitações e mais de 20 mil pessoas foram obrigadas a procurar moradia, foram obrigadas a morar em outros lugares, morar com outras famílias, pagar alugueis caríssimos. Mas a grande maioria das pessoas ou realizou o êxodo para os muitos recém bairros criados do subúrbio, já que o número de habitações construídas foi muito menos do que as destruídas, ou foi para os morros ou encostas destes. Podemos citar como exemplo o Morro do Castelo e da Providência que explodiram em números de pessoas, o que acelerou o processo de criação das favelas. Só na Avenida Central foram retirados 614 imóveis para sua construção.

O processo de despejo alinhado com os pensamentos da ideia da vacinação obrigatória, liderada pelo então Ministro Oswaldo Cruz, acabaram desencadeando a Revolta da Vacina, iniciada no dia 14 de novembro de 1904. A população em peso aderiu à revolta que durou sete dias resultando no estado decretar estado de sítio, prorrogado por Pereira Passos até fevereiro de 1905. Este processo de demolições e desapropriações deu muito trabalho para a prefeitura, mas conseguiu colocar na prática seu plano de reformulação da cidade, o que não podemos negar que realmente transformou radicalmente o Rio de Janeiro em todos os sentidos. Para realizar todas as obras, Pereira Passos pegou um empréstimo junto à Inglaterra no valor de oito milhões de libras.

O último ano de seu mandato foi marcado por enchentes que arrasaram todo o Rio de Janeiro, desde o centro, a zona sul e, também, o subúrbio. Este sempre foi um problema que assolava a cidade desde tempos coloniais. Pereira Passos, com todas as suas obras, não pode fazer muito, ou não se preocupou com tal, por isso o governo foi acusado de negligenciar o atendimento às vítimas, sobretudo a do subúrbio. Os empréstimos adquiridos também foram usados para acabar com a imagem de Pereira Passos, pois endividou o governo do Rio de Janeiro. Imprensa e oposição do Governo "juntos contra Pereira Passos".

PRINCIPAIS OBRAS DE PEREIRA PASSOS
Foto Rara da construção da Av. Central
Vou mostrar por ano de trabalho as principais obras realizadas por Pereira Passos.

1903
Inauguração do pavilhão da Praça XV;
Prolongamento da Rua do Sacramento - atual Avenida Passos - até a Marechal Floriano;
Inauguração do Jardim do Alto da Boa Vista;
Início do alargamento da antiga Rua da Prainha - atual Rua Acre.

1904
Término do alargamento da antiga Rua da Prainha;
Demolições no Morro do Castelo;
Construção do aquário do Passeio Público;
Melhoramento da Rua 13 de Maio.

1905
Início da construção do Teatro Municipal;
Inauguração da nova estrada de rodagem da Tijuca;
Alargamento da Rua Marechal Floriano até o Largo de Santa Rita;
Decreto de alargamento da Rua do Catete;
Alargamento e prolongamento da Rua Uruguaiana;
Decreto da construção da Avenida Atlântica - Copacabana;
Inauguração da Avenida Central - atual Rio Branco;
Inauguração da Escola Modelo Tiradentes;
Decreto de abertura da Rua Gomes Freire de Andrade;
Decreto de abertura da Avenida Maracanã.

1906
Alargamento da Rua Carioca;
Inauguração da fonte do Jardim da Glória;
Inauguração da nova Fortaleza na Ilha de Lage;
Inauguração do Palácio São Luiz (futuro Palácio Monroe);
Inauguração e alargamento da Rua Sete de setembro;
Conclusão do melhoramento do Porto e do Canal do Mangue;
Inauguração e embelezamento do campo de São Cristóvão - jardim e escola pública;
Inauguração da Avenida Beira Mar;
Melhoramento do Largo da Carioca;
Inaugurações dos quartéis do Méier, da Saúde, São Cristóvão e Botafogo;
Aterramento das praias de Botafogo e Flamengo com a construção de jardins;
Construção do Pavilhão Mourisco - Botafogo.

Além das principais obras que coloquei acima, destaco outras que merecem ser lembradas, tais como:
Melhoramento da zona suburbana do Distrito Federal;
Saneamento básico da cidade;
Arborização de várias áreas da cidade;
Renovação do calçamento da cidade;
Inauguração do calçamento em asfalto;
Alargamento da Rua Camerino;
Abertura da Avenida Salvador de Sá;
Canalização do Rio Carioca - da Praça José de Alencar a Cosme Velho;
Inauguração da Escola Modelo Rodrigues Alves - Catete;
Liberação de verbas para a construção da Biblioteca Nacional;
Criação do novo Mercado Municipal;
etc...

AS IGUALDADES ENTRE EDUARDO PAES E PEREIRA PASSOS
Prefeito em exercício
Segundo alguns veículos da imprensa, nosso atual prefeito se auto intitula o novo Pereira Passo e ela mesma o intitula assim . Entretanto, até aonde isso é verdade?

Podemos analisar que o prefeito pegou um Rio de Janeiro 50 anos atrasado em infra-estrutura, com um crescimento populacional desordenado, estradas não dando conta do número de pessoas nas ruas, transporte público um caos, mas não se parece muito o quadro encontrado por Pereira Passos? A última grande transformação que a cidade passou foi na década de 60 com o outro lendário Prefeito Carlos Lacerda. Então Eduardo teve que fazer um novo plano para a cidade, uma nova política de reformulação, um novo “bota a baixo”. Claro que, bem provavelmente, foi feito devido aos eventos esportivos gigantes que o Rio de Janeiro sediou (Copa do Mundo) e vai sediar (Olimpíadas). Mas realmente está mudando a cara de praticamente todo o Rio de Janeiro.

Refletindo 01: então as obras têm um fundo de interesse; a do Pereira Passos não tinha?

Pereira Passos fez a obra em toda cidade do Rio de Janeiro. Quando eu digo cidade inteira temos que entender que naquela época os limites da cidade eram bem mais perto, a cidade ativa era bem menor, pois as obras se concentraram na parte ativa dela, centro e adjacências e uma parte da zona sul. No subúrbio, os bairros ainda estavam em formação. Então, nem foi muito levado em consideração. Em relação à zona oeste, quase não se tinha notícias. Conclusão: ele fez uma mega obra na parte onde a economia girava e a população morava.

Refletindo 02: Eduardo Paes não está fazendo a mesma coisa? Ele está colocando “abaixo” todas as áreas onde a economia está girando, ou aonde será áreas de esportes nas Olimpíadas (Teodoro, Barra da Tijuca, Centro e Zona Sul), principalmente o Centro, onde virou um grande canteiro de obras. Fecha avenida, abre avenida, coloca linha de ônibus, tira linha de ônibus; até uma versão mais atual dos bondes: o VLT. Vemos que nosso Prefeito está mexendo também com toda a cidade, e o subúrbio está totalmente esquecido. Coincidência, não?

CONCLUSÃO
Podemos discordar em alguns pontos, mas podemos perceber que os dois prefeitos, cada um em sua época, estão remodelando a cidade e têm muitos pontos em comum. Poderia enumerar vários outros aqui, todavia a única coisa que posso ter 100% de certeza é de que tanto Pereira Passos quanto Eduardo Paes estarão nos livros de História e que, ao lado de Carlos Lacerda, formaram os três prefeitos que revolucionaram a cidade do Rio de Janeiro. Haveria por trás interesses financeiros? Seria a favor de uma minoria poderosa? Teriam o interesse de serem conhecidos e reconhecidos? Claro que sim! Mas fizeram, mudaram e reformularam a cara da cidade, cada um em sua época, cada um com o seu porquê!

FOTOS
O Marco das obras da Av. Atlântica, iniciado por Pereira Passos
Barão de Mauá
Bondes puxados a tração animal

Obras de Pereira Passos na rua do Catete
BIBLIOGRAFIA
BUENO, Eduardo: Brasil: Uma História. 2. E.d.São Paulo:Textos e editoras LTDA,São Paulo
CARVALHO, de Delgado: História da cidade do Rio de Janeiro. 2. Ed. Rio de Janeiro: secretária Municipal de Cultura e Turismo, 1990
FAUSTO, Boris: História do Brasil.14. Ed. São Paulo: Edusp - Editora da Universidade de São Paulo, 2013
FREIRE, Américo: Guerra de posições na metrópole: a prefeitura e as empresas de ônibus no Rio de Janeiro (1906-1948). 1. Ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001

Fotos retirado do página do facebook 'Fotos do Rio Antigo'.

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Autor do Artigo: Paulo Silva
(Acadêmico em História | Co-Criador do Blog | Técnico em Enfermagem)

Contato: paulojorgest200213@gmail.com

OUTROS ARTIGOS DO AUTOR
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quarta-feira, 24 de junho de 2015

História da Música Evangélica Brasileira: Causas e Contexto de sua origem!

História da Música Evangélica Brasileira:
Causas e Contexto de sua origem

DEDICATÓRIA
Dedico este Artigo ao meu grande avô – José Paiva de Oliveira. Um grande homem. Um grande cristão. Um exemplo. Foi este que dedicou, apresentou e entregou a vida de minha mãe nas mãos de Deus desde o ventre de minha avó. Por onde passava, um sorriso brilhava e levava a Palavra de Deus sem nem precisar mencioná-la. Como? Quem é de Deus mesmo é diferente! Quem é de Deus mesmo não precisa ficar falando "aos cotovelos" que é. Apenas é!

AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me estar dando forças nestes 25 anos de vida. Agradeço aos meus pais, que me doutrinaram no caminho do Senhor. Em relação à música, agradeço à minha mãe, que “me jogou” no meio. Como não falar em Música-Igreja-Solo-Coro sem citar o nome Debora Paiva? Meu exemplo! Minha diva! Meu ídolo! Agradeço à minha irmã que, com suas críticas silenciosas (ou apenas em suas gargalhadas), faz-me buscar fazer melhor. Agradeço à minha avó, a mais sensual e sexy de todas, que tem aturado este menino durante estes anos de vida. “Lá vem Faraó!”. Agradeço às pessoas que, sempre que puderam, deixaram-me cantar e me expressar do jeito que mais amo: tio Isaías, tia Ester, Sandro, tia Inês, tia Meire, Joás, Cristiane, pastor Dercinei e, claro, ao meu amigo e apoiador Ricardo.
 
Foto de Salvador de Sousa
PONTOS IMPORTANTES
Religião (por Dicionário Aurélio)
1. Culto prestado à divindade.
2. Doutrina ou crença religiosa.
3. O que é considerado como um dever sagrado.
4. Reverência, respeito.
5. Escrúpulo.
6. Comunidade religiosa que segue a regra do seu fundador ou reformador.
7. em religião:  como religioso.
8. religião do Estado:  aquela que o governo subvenciona.

Evangelho (por Dicionário Aurélio)
1. Doutrina de Cristo.
2. Cada um dos quatro livros principais que a encerram (o Evangelho de S.).
3. Parte do evangelho que se lê na missa.
4. Verdade indiscutível.
5. Doutrina tendente a regenerar a sociedade.
6. Conjunto de princípios por que um partido ou uma seita se dirige.
7. lado do Evangelho:  lado do altar que fica à esquerda dos assistentes.
8. levar o Evangelho a:  pregar e tornar conhecido o Evangelho em; evangelizar.
9. ordens de Evangelho:  ordens de diácono ordens de diácono.

O "VOCABULÁRIO CRISTÃO"

1. Apresentação: show, performance, concerto.
Ex.: Aline Barros faz apresentação. Alcione faz show.

2. Adoradores: cantores, artistas.
Ex.: Aline Barros é uma adoradora. Alcione é uma artista.

3. Secular: algo que não seja evangélico.
Ex.: Aline Barros canta músicas evangélicas. Alcione canta músicas seculares.


INTRODUÇÃO
Para entender como a Música Evangélica vem e fica no Brasil, faz-se necessário viajar para Portugal no reinado de D. João II, no século XV, onde este adotava uma nova política de centralização que hostilizava a nobreza. Medidas administrativas e judiciárias que aumentavam o poder de sua burocracia e, por conseguinte, enfraquecia a nobreza senhorial. A Monarquia consolida-se e, em 1485, D. João retoma o projeto da expansão ultramarina.

De forma bem simples, e por tópicos, explicarei como se deu a Expansão Marítima (As Grandes Navegações), visto que o intuito do presente Artigo é falar sobre a História da Música Evangélica e não do “nascimento” do Brasil Colônia:

“Lucros, império e fé combinaram-se!”
(WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José. Formação do Brasil Colonial. Editora Nova Fronteira, São Paulo, 3ª edição, p. 38)

- escassez de ouro na Europa no século XV;
- busca de ouro em terras africanas;
- falta de cereais, como trigo;
- a batalha que resultou na conquista de Ceuta (1415);
- o espírito das Cruzadas;
- plano para atingir as Índias (1474);
- muçulmanos “barram” os portugueses de passarem pelo Mar Mediterrâneo;
- Diogo Cão descobre a foz do rio Zairo, no litoral da Angola;
- Bartolomeu Dias atravessa o cabo da Boa Esperança e atinge a passagem para o Oceano Índico (1488);
- descoberta da América por Cristóvão Colombo (1492);
- Vasco da Gama chega às Índias (Calecute), inaugurando a chamada Rota do Cabo (1498);
- No ano de 1500 é organizada a segunda viagem para Índia, sob comando do fidalgo da Ordem de Cristo Pedroalvarez de Gouvea, ou Pedro Alvares Cabral.

A Europa, nesta época, vivia uma “crise espiritual” devido ao decréscimo de fiéis na Igreja Católica. Como já era normal, nas embarcações sempre havia jesuítas. Em relação às viagens de expansão, o intuito era de converter os nativos (índios) para realimentar a máquina católica portuguesa. Vale ressaltar que esta queda de membros - e também um pouco do poder do Catolicismo - deu-se com o surgimento do Cristianismo, visto que este aceitava que pessoas ditas “normais” pudessem enriquecer, ao contrário daquele, que não aceitava o enriquecimento “alheio”.


DESENVOLVIMENTO
Estamos no Brasil Colônia! Religião “não existe”! O que há é um Sincretismo Religioso. Eram ideologias africanas, indígenas e portuguesas (que já era oriunda de uma fusão de outras ideologias) reunidas no Brasil. Uma forma de o senhor de engenho “ter os escravos nas mãos”. Ninguém era inocente e ignorante, como nossa vida acadêmica sempre nos ensina. Os donos de terra sabiam que era necessário fornecer certo “lazer” para os escravos, assim como os escravos sabiam de sua importância para os senhores e para o crescimento e desenvolvimento dos engenhos.

A religiosidade colonial também foi conhecida por ter sido muito falha, no fato de que os que pregavam, ensinavam as doutrinas e faziam os ritos relacionados à adoração a Deus eram do baixo clero, ou seja, pessoas totalmente mal preparadas e qualificadas.

Retrato de Hans Staden feito por H. J. Winkelmann, em 1664.
Em meio ao que foi dito na Introdução e nestes primeiros parágrafos do Desenvolvimento, tem-se um dos primeiros evangélicos a pisar no Brasil: o alemão Hans Staden. Nascido em 1525 na cidade de Homberg, foi um “aventureiro mercenário” do século XVI. Veio ao Brasil por duas vezes a fim de combater nas capitanias de Pernambuco (1547) e de São Vicente (1549). Em 1553, Tomé de Sousa concede a ele a função de artilharia no forte de Santo Amaro, com o intuito de combater os indígenas. No ano seguinte é capturado por Tupinambás, ficando nove meses preso. Lá, cantava Salmos e Cânticos, como o clássico Salmo 130 (Das profundezas clamo a Ti, Senhor!). E foi por causa da cantoria que se livrou da morte, visto que os índios gostavam. Além disto, “recitava trechos bíblicos e orava em voz alta”, deixando os índios amedrontados, adquirindo respeito e, por consequência desta convivência de medo e, depois, “amor”, aprendendo a língua deles. “Sendo solto, voltou para a Europa no dia 31/10/1554, chegando à Normandia em 20/02/1555”.

Outros Protestantes no Brasil
“Sobre a presença espanhola, sabemos que antes de Cabral passaram pela costa brasileiro Diego de Lepe e Vicente Pinzón. Pouco mais tarde os espanhóis procuraram uma passagem para o Pacífico pelo Sul do continente, visando chegar às ilhas Molucas. Achado o caminho com a expedição de Fernão de Magalhães (1519-1522), estabeleceram logo uma rota regular, que transformou o litoral brasileiro em ponto de apoio para seus navegadores e na qual exploravam também o pau-brasil.

A presença francesa no litoral brasileiro foi igualmente precoce. Sabemos que Binot de Gonneville aqui esteve em 1504, carregando pau-brasil, mas ele próprio indicou, em relato posterior, outros franceses que o haviam antecedido. Apesar da falta de documentos confiáveis, a atividade comercial dos franceses deve ter sido intensa, pois o governo português fez diversos protestos à corte francesa antes de 1516 e enviou ao Brasil, nesse ano, a expedição “guarda-costas” de Cristóvão Jacques.”
(WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José. Formação do Brasil Colonial. Editora Nova Fronteira, São Paulo, 3ª edição, p. 46)

Como já mencionado, não só os portugueses estiveram no Brasil. Espanhóis, holandeses e franceses puseram seus pés aqui. Os cristãos franceses chegaram em uma esquadra com aproximadamente 600 pessoas no dia 10/11/1555. No dia 07/03/1557, já em uma esquadra com aproximadamente 300 pessoas, estavam 14 protestantes franceses ou, como eram chamados, huguenotes. Dentre estes 14, um pastor e um doutor em Teologia, enviados por João Calvino.


João Calvino
“Quando Lutero divulgou suas 95 teses, em 1517, o francês João Calvino (1509-1564) tinha 8 anos de idade. Além dos 26 anos que separam suas convicções, como teólogo e humanista, em um ambiente em que a unidade da Igreja já estava rompida. Ao contrário de Lutero, não foram tensões espirituais as responsáveis por sua adesão à Reforma, mas sim suas convicções intelectuais e a certeza de que a verdade redescoberta estava ao alcance de quem aceitasse busca-la. Por um tempo dividido entre a teologia, que o interessava diretamente, e o estudo do Direito, que frequentou durante dois anos por determinação do pai, após a morte deste, Calvino entregou-se integralmente aos estudos religiosos, do que resultou sua obra mais famosa, Instituição da religião cristã, publicada em 1536, quando ele tinha apenas 27 anos. O livro teve consagração imediata e promoveu o teólogo à posição de novo líder reformador. Escrito para ser compreendido fora dos círculos eruditos, o trabalho foi revisto pacientemente pelo autor até sua edição definitiva, em 1559.

Em seus debates doutrinários – e não apenas neles – Calvino mostrou-se um combatente incansável e impiedoso. Em Genebra, por exemplo, desenvolveu intensa campanha contra a prostituição, convencendo os magistrados a abrir algo como tabernas eclesiásticas, onde o consumo moderado de bebidas seria compensado com propaganda religiosa. A mudança desagradou imediatamente a população, que exigiu e obteve a reabertura das antigas tabernas. Quanto aos mais ricos, o reformador também tentou, sem sucesso, moderar seus hábitos de vida e consumo, mas encontrou forte resistência.

Em 1553, Calvino foi enfrentado pelo espanhol Miguel Servet, cuja obra atacava, diretamente, o livro Instituições da religião cristã. O “herege”, então em Viena, foi denunciado por Calvino, mas conseguiu fugir da prisão e, por razões jamais sabidas, seguiu para Genebra, onde acabou caindo nas mãos de Calvino. Por interseção do reformador, Servet foi preso, condenado e executado na fogueira, apesar da apelação do denunciante pela comutação da pena e sua transformação em uma “mais misericordiosa”, a decapitação...

Em meados do século XVI, o calvinismo já se firmara como principal corrente da Reforma Protestante e, quando seus adeptos – por conta da perseguição e resistência que sofriam – assumiram, cada vez mais, posições radicais, o movimento teve de enfrentar, com a mesma convicção, eclesiásticos da “velha” Igreja e governantes civis.”
[MICELI, Paulo. História Moderna. Editora Contexto, São Paulo, 2013, pp. 81-82]

No dia 10/03/1557 foi realizado o primeiro culto no Brasil, na Baía de Guanabara (RJ). Um dos hinos cantados foi o Salmo 5, de acordo com o disposto no Saltério Huguenote, hinário dos franceses. Porém, os portugueses interpretaram isto como uma tentativa de a França querer tomar o país. Os franceses foram mortos e, em 1567, totalmente expulsos.


Escultura que representa o Primeiro Culto.
"O desembarque no forte Coligny deu-se no dia 10 de março, uma quarta-feira. O vice-almirante recebeu o grupo afetuosamente e demonstrou alegria porque vinham estabelecer uma igreja reformada. Logo em seguida, reunidos todos em uma pequena sala no centro da ilha, foi realizado um culto de ação de graças, o primeiro culto protestante ocorrido nas Américas, o Novo Mundo. O ministro Richier orou invocando a Deus. Em seguida foi cantado em uníssono, segundo o costume de Genebra, o Salmo 5: “Dá ouvidos, Senhor, às minhas palavras”. Esse hino constava do Saltério Huguenote, com metrificação de Clement Marot e melodia de Louis Bourgeois, e até hoje se mantém nos hinários franceses. Bourgeois foi diretor de música da Igreja de Genebra de 1545 a 1557 e um dos grandes mestres da música francesa no século 16. A versão mais conhecida em português (“À minha voz, ó Deus, atende”) tem música de Claude Goudimel (†1572) e metrificação do Rev. Manoel da Silveira Porto Filho. Em seguida, o pastor Richier pregou um sermão com base no Salmo 27:4: “Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”. Após o culto, os huguenotes tiveram sua primeira refeição brasileira: farinha de mandioca, peixe moqueado e raízes assadas noborralho. Dormiram em redes, à maneira indígena. A Santa Ceia segundo o rito reformado foi celebrada pela primeira vez no domingo 21 de março de 1557."
[Daniele Pereira - Blog: www.ipesperanca.blogspot.com.br ]

Em 1630, há a chegada dos holandeses no nordeste, tendo permanecido até 1654, quando foram expulsos pelos portugueses. Eles fundaram 22 congregações da Igreja Reformada no Brasil, ficando todas, a princípio, sob jurisdição do Presbítero de Amsterdã.


Não há registros de atividades protestantes no Brasil no século XVIII (1700-1799). Uma das prováveis causas é a presença do Santo Ofício da Inquisição, que tinha como um dos objetivos extinguir protestantes, considerados hereges.

“Às vezes, a vida cotidiana da colônia parecia estar irreversivelmente demonizada. Na mentalidade popular, delineava-se, nítida, a visão do inferno. O Compêndio Narrativo do Peregrino da América, que coletou inumeráveis tradições populares em voga no primeiro quartel do século XVIII, ficou a imagem de um dos infernos possíveis: um inferno semelhante ao que as populações européias tinham em seu acervo imaginário, e que eruditos da Baixa Idade Média incorporavam à demonologia.”
[SOUSA, Laura de Mello. O diabo e a terra de Santa Cruz. Companhia das Letras: São Paulo, pp. 144-145] 

Cerimônia de beija-mão na Corte de D.João VI, Brasil
Século XIX
“D. Maria de Portugal (a Rainha louca): Rainha de Portugal desde 1777, porém, devido a problemas de saúde, a regência do Reino é assumida por seu herdeiro, Dom João. Foi alcunhada de Maria, a Louca por conta das célebres crises de alucinação em público. Extremamente católica, assim como toda a Família Real, Maria I chegou ao Brasil em 1808 contra a própria vontade. Inúmeros são os relatos de sentimento de estranheza por parte dos brasileiros à Rainha.

D. João VI (o príncipe Medroso): Dom João assumiu a regência do Reino no lugar da mãe, Dona Maria, que padecia de problemas psicológicos. Em meio às crises conjugais com a esposa, Carlota Joaquina, (resultado de um casamento que revela-se meramente político) Dom João tem o desafio de transferir a Coroa para os Trópicos e mantê-la estável e assegurar o domínio sobre a nobreza.

Napoleão Bonaparte: O "Vendaval que varreu a Europa", Napoleão Bonaparte subjugou grande parte do "Velho Continente" durante seu temido reinado. O ex-general, ao decretar o Bloqueio comercial à Inglaterra, impulsionou a transferência da Corte para o Brasil.

Carlota Joaquina: Mulher de D. João. Casaram-se por interesse de suas famílias. Tinha a fama de ser muito feia, possuía um gênio muito forte e pretendia sempre impor suas vontades.”
[GOMES, Laurentino. 1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil. Editora Planeta, 2007. Release.]

Afim de não ficar cansativo, colocarei os datas e acontecimentos.

1808: o monarca português D. João VI e sua comitiva chegam ao Brasil.
10/02/1810: assina o ‘Tratado de Aliança e Amizade e Comércio e Navegação’, o que contribuiu para o estabelecimento do culto protestante no Brasil. Com este tratado, foi permitido aos ingleses realizarem seus cultos anglicanos na colônia de Portugal.
1820: outros imigrantes ingleses chegam ao Brasil e vão morar em Nova Friburgo (RJ).

07/09/1822: Independência do Brasil
Novos imigrantes ingleses no Brasil, encorajados pela Independência.
??/??/1824: chega ao Brasil o presbítero Friedrich Oswald Sauerbronn, que pastoreou por 40 anos Nova Friburgo.


1858: chega ao Brasil a ‘Igreja Congregacional’.
1861: lançamento do primeiro hinário evangélico brasileiro ‘Salmos e Hinos’.
"Tendo vindo ao Brasil em 10 de maio de 1855, o recém-chegado casal Dr. Robert e Miss. Sarah Kalley logo fundou a Igreja Evangélica Fluminense e Pernambucana - primeiras atividades da Igreja Evangélica em língua portuguesa no Brasil. Não poderia ser diferente... Nossa Igreja Congregacional tem os Salmos e Hinos como sua coletânea oficial de cânticosO Hinário foi publicado em 1861 com 50 cânticos (18 Salmos e 32 Hinos), e manuseado,  pela  primeira vez, em 17 de Novembro de 1861 - seis anos depois da chegada do casal ao Brasil.  Naquela oportunidade foi cantado o hino nº 609 (Convite aos Meninos), cuja autoria é atribuída à Sarah Kalley. Esta coleção foi a primeira coletânea de Hinos Evangélicos em língua portuguesa, organizada no Brasil. Vinte e um anos foi quanto durou o ministério do casal abençoador do povo brasileiro da época e, como foi transmitido através do Espírito Santo de Deus, perdura até nossos dias (150 anos depois), e continuará - uma vez que se trata da Palavra de Deus - entoada nos cânticos. Em sua 2ª edição, no ano de 1865, já continha 83 cânticos. Nas edições posteriores foram sendo acrescentados diversos hinos – tanto que em 1919 já contava com 608 músicas, cuja edição foi organizada pelo Dr. João Gomes da Rocha, que foi o principal responsável pela publicação daquela coletânea. Nosso Hinário contém melodias de diversas origens como BrasileiraPortuguesaAlemãAustríacaEspanholaFrancesaInglesaAmericana, dentre outras. Ele apresenta uma diversidade que o torna ainda mais rico do ponto de vista musical. Em meados do século XX o Hinário passou por uma importante revisão realizada por uma equipe de especialistas em música, tornando a coletânea ainda mais funcional para ser utilizada em nosso dia-a-dia, com a sua textualidade de versos aprimorada. Graças damos a Deus por homens mulheres que trabalharam desde o início até agora para a preservação do nosso Salmos e Hinos. É certo que o Senhor a muitos já chamou. A nós cabe preservarmos este tesouro musical e poético. Os Salmos e Hinos foi, inclusive, usado como primeiro Hinário por diversas denominaçõesAtualmente, no seu aniversário de 150 anos (17/11), e com 677 Cânticos, é considerada uma das mais belas coleções de Hinos já produzida para o Cristão-protestante do Brasil. Hoje está na sua 5ª edição, e contém 28 Salmos622 Hinos 27 Coros."

1862: chega ao Brasil a ‘Igreja Presbiteriana’.
Primeira Igreja Presbiteriana do Brasil, localizada no Rio de Janeiro.
1864: fundado o primeiro jornal evangélico no Brasil (Imprensa Evangélica), pelo presbiteriano Ashbel Green Simonton.
Ashbel Green Simonton
01º/01/1886: fundado, pelo missionário J.J. Ranson, o jornal ‘Expositor Cristão’. Além deste, foi fundado por Zacarias Taylor o jornal ‘Echos da Verdade’.
1871: chega ao Brasil a ‘Igreja Metodista’ e a ‘Igreja Batista’.
1887: surgimento do gramofone.
1889: criado o jornal ‘O Puritano’.
1890: chega ao Brasil a ‘Igreja Episcopal’.
1892: criado os jornais ‘O Cristão’ e ‘O Estandarte’.
1894: criado o jornal ‘As Boas Novas’, por Salomão Luiz Ginsburg.

Século XX
1901: a primeira gravação de uma música evangélica, em SP. Um irmão chamado José Celestino de Aguiar reuniu seus familiares e os do reverendo Bellarmino Ferraz e formou um coral a quatro vozes, que gravou o hino ‘Se nos cega o sol ardente’, do ‘Salmos e Hinos’, primeiro hinário evangélico brasileiro, cuja primeira edição surgiu em 1861. José D’Araújo Coutinho Junior (Agudos-SP) foi o responsável por raspar a cera de um cilindro usado, gravando, assim, a música do coral.


1902: primeira gravação de uma música secular, feita em cilindro.

1910: discos de 78 rpm são adotados pelas gravadoras.


Rua Siqueira Mendes, 79 - Belém do Pará
Local onde a partir de 1911 forma realizados os primeiros cultos da Assembléia de Deus.


07/09/1922: primeira transmissão radiofônica, feita no RJ, então capital do Brasil.

26/05/1929: primeira transmissão de um programa evangélico, através da Rádio Club do Brasil (RJ). Feita pelo reverendo Rodolfo Hasse, da Igreja Luterana, que conseguiu 30 minutos.



1939: televisão no Brasil.

1948: lançamento do LP (Long Player) pela gravadora norte-americana Columbia Records. Era feito de vinil, plástico mais resistente, mais leve, cabia mais músicas, tinha 33 1/3 de RPM e era de melhor qualidade sonora. Logo, veio o toca-discos. Lançamento da primeira gravadora evangélica no Rio de Janeiro, a Gravadora Atlas (Departamento de Rádio e Gravações do Serviço Noticioso Atlas). Seu primeiro lançamento foi o segundo trabalho de Feliciano Amaral.


1949: surgimento do compacto vinil e surgimento as primeiras capas personalizadas no Brasil.

1950: inauguração da ‘TV Tupi’ de São Paulo, pelo jornalista Assis Chateaubriand. Inaugurada a segunda gravadora evangélica brasileira, a CAVE (Centro Áudio-Visual Evangélico), na cidade São Paulo-SP.
1951: lançamento do primeiro LP brasileiro ‘Carnaval em long player’.
1952: inauguração da ‘TV Paulista’.
1953: inauguração da ‘TV Record de São Paulo’.
1955: inauguração da ‘TV Rio de Janeiro’ e da ‘TV Itacolomi de Belo Horizonte’.
1957: criação da terceira gravadora evangélica, Louvores do Coração, de Jônathas de Freitas.

1958: lançamento do primeiro LP brasileiro evangélico – Luiz de Carvalho ‘Boas Novas’. A gravadora CAVE muda-se para a cidade de Campinas-SP.


Capa e Contra Capa do Primeiro LP Evangélico Brasileiro
Luiz de Carvalho - Boas Novas - 1958 - Gravadora Califórnia

1959: inauguração da ‘TV Excelsior’ de São Paulo. Em fevereiro, é inaugurada a gravadora Califórnia, pelo compositor Mário Vieira. Criado o periódico ‘Louvor Perene’.

1960: inauguração das ‘TV Paranaense’, ‘TV Cultura de São Paulo’ e ‘TV Itapoá de Salvador-BH’.

1961: lançado o primeiro livro sobre a história da música evangélica “Música Sacra Evangélica no Brasil”. Editora Kosmos. Autora: Henriqueta Rosa Fernandes.



1962: inauguração da ‘TV Gaúcha’.
1968: criação da gravadora Estrela da Manhã, de Matheus Iensen.

1970: inauguração da ‘TV Gazeta de São Paulo’
19/02/1972: televisão a cores chega ao Brasil.
1975: inauguração da ‘Rede OM de Londrina-PR’ e ‘TVS Rio’.
1979: inauguração da ‘TV Campinas’.

1987: os primeiros CDs seculares “chegam” ao Brasil. Criação da gravadora evangélica MK Publicitá (hoje MK Music).
27/07/1989: Marina de Oliveira apresenta-se no Canecão, sendo a primeira cantora evangélica a se apresentar nesta casa de shows.

1990: os primeiros CDs evangélicos “chegam” ao mercado.
1992: criação da gravadora evangélica Line Records.
1995: os CDs invadem o mercado mundial.


PANORAMA GERAL - CONCLUSÃO
Anos 1950:
“Ao contrário do que se possa imaginar, os evangélicos produziram muita música de boa qualidade, seja nas letras, no vocal ou na parte instrumental. Gravaram nos melhores estúdios da época, como por exemplo, a RCA Victor, Odeon e Continental. Contaram com maestros e o profissionalismo de cantores e músicos evangélicos, muitos dos quais formados na área e professores do curso de música de escolas e universidades.”
(SOUSA, Salvador. História da Música Evangélica no Brasil. Editora Ágape, São Paulo, 2011, p. 33)

- Apesar da existência de rock and roll e twist, as músicas eram mais suaves, vide a postura mais conservadora, além do estilo seresteiro, quase que predominante em todos os cantores evangélicos desta geração.
- Música evangélica muito influenciada pela música clássica.
- As gravações mais comuns são cânticos de hinários como ‘Salmos e Hinos’ e ‘Cantor Cristão’.

Anos 1960:
- Cantores começam a gravar músicas no estilo guarânia, marcha, country e valsa, além da pouca presença de samba, chorinho e bossa nova, analisados apenas em discos do cantor Silvinho.
- Instrumentos mais utilizados: harpa, órgão, piano e sanfona (ou acordeon, acordeão e gaita – dependendo da região brasileira).
- Instrumentos quase não utilizados: bateria, guitarra, violão e percussão.

Anos 1970:
“Em suma, foi um período bastante fértil na música evangélica brasileira e, possivelmente, muito rentável. Vale ressaltar que a população de evangélicos, no início desta década, segundo o IBGE, ultrapassava três milhões de pessoas.”
(SOUSA, Salvador. História da Música Evangélica no Brasil. Editora Ágape, São Paulo, 2011, p. 51)

“Mesmo havendo diversas emissoras de TV, os evangélicos ficaram longe de sua programação. Aliás, muitas igrejas combateram esse veículo de comunicação e até proibiram seus membros de comprarem aparelhos ou assistirem seus programas.”
(SOUSA, Salvador. História da Música Evangélica no Brasil. Editora Ágape, São Paulo, 2011, p. 52)

- considerada a época mais diversificada.
- ritmos explorados: guarânia, chorinho, sertanejo, rock, blues, jazz, country, western, bolero, tango, valsa, marcha etc.
- início da gravação de álbuns instrumentais e infantis.

Anos 1980:
- Nesta época, a música evangélica internacional já estava em alta. A influência é notória. Muitos de nossos cantores fizeram suas versões de milhares de músicas de consagrados nomes do exterior, como Sandi Patty, Amy Grant e Michael W. Smith. Os campeões de versões são Marina de Oliveira, Cristiane Carvalho, Cristina Mel e Grupo Prisma Brasil.
- fase rica em ritmos nacionais, como: xote, milonga, frevo, vanerão, pagode de viola, repente, coco de roda, xaxado, ciranda, pagode, catira, bumba-meu-boi e folia de reis.
- ritmos internacionais muito utilizados: bolero, guarânia, valsa, rock, country e blues.

Anos 1990:
“De repente pareceu que as pessoas do mundo, curiosas e admiradas, descobriram que os evangélicos eram capazes de produzir uma música interessante, moderna, contextualizada e de boa qualidade.”
(SOUSA, Salvador. História da Música Evangélica no Brasil. Editora Ágape, São Paulo, 2011, p. 133)

- considerado por muitos como o Apogeu da Música Gospel Brasileira.
- ritmos mais utilizados: axé music, black music, bossa nova, country, forró, funk carioca, instrumental, louvor e adoração, metal, MPB, Pentecostal, pop, rap, reggae, regional, rock, sacro, samba, pagode e sertanejo.

Anos 2000:
“Comparando a música desse período com os anteriores, não se pode afirmar categoricamente, em termos gerais, que foi superior às demais décadas, ou que produziu avanços mais significativos, ou até mesmo que tenha quebrado maiores barreiras. Realmente continuamos acompanhando as tecnologias de gravação e divulgação, mas por outro lado parece que regredimos em relação à qualidade das letras, variedade de ritmos e aspectos culturais.”
(SOUSA, Salvador. História da Música Evangélica no Brasil. Editora Ágape, São Paulo, 2011, p. 262)

- alta projeção na mídia.
- a dita ‘música comercial’ chegou ao meio gospel.
- há o esquecimento das outras décadas, privilegiando apenas o presente.
- fase em que a expressão ‘ministério de louvor e adoração’ tornou-se sinônimo de vendas.
- música evangelística em baixa.
- crescimento na gravação de álbuns Ao Vivo.
- ritmos mais utilizados: axé music, black music, country, forró, funk carioca, louvor e adoração, metal, MPB, Pentecostal, pop, rap, reggae, regional, rock, sacro, samba, pagode e sertanejo.


BIBLIOGRAFIA
AMARAL, Daniel. Música e Teologia: a música evangélica brasileira. Origem, apogeu e futuro. Fonte Editorial, São Paulo: 2012.
GOMES, Laurentino. 1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil. Editora Planeta, São Paulo: 2007.
FERNANDES, H.R. Música Sacra Evangélica no Brasil. Editora Kosmos. 1961.
MICELI, Paulo. História Moderna. Editora Contexto, São Paulo: 2013.
SOUSA, Laura de Mello. O diabo e a terra de Santa Cruz. Companhia das Letras: São Paulo.
SOUSA, Salvador. História da Música Evangélica no Brasil. Editora Ágape, São Paulo: 2011
WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José. Formação do Brasil Colonial. Editora Nova Fronteira, São Paulo.

SITES
http://www.ipesperanca.blogspot.com.br
http://www.missoesdealtorisco.blogspot.com.br
http://www.uhccentrocg.blogspot.com.br

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Autor do Artigo: Raphael Paiva
(Acadêmico em História | Criador do Blog | Professor de Inglês | Responsável pela correção Ortográfica)

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