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terça-feira, 19 de maio de 2015

Cordovil: De fazenda Real ao bairro do subúrbio; Da ascensão à decadência!

Cordovil:
De fazenda Real ao bairro do subúrbio
Da ascensão a decadência

Este Artigo é uma homenagem a minha mãe que está passando um momento difícil com a descoberta de uma doença, e como ela foi nascida e criada no bairro, está feita minha homenagem a D. Linda!

Imaginem a época de Portugal Medieval, cheia de árabes em suas terras, dividindo o país em dois literalmente.  A nobreza portuguesa teria que fazer algo para isso acabar, afinal, as terras eram deles. Inúmeras batalhas aconteceram, sendo a mais conhecida a Batalha de Ceuta na qual os portugueses venceram os árabes e conseqüentemente obtiveram suas terras. Esta vitória proporcionou que fosse realizada uma das situações mais importantes no “pequeno mundo” conhecido, saindo do medievalismo e entrando na época Moderna com seus pensadores influenciados pelo Classicismo e Humanismo, e a busca de novas rotas de comércio: as Expansões Marítimas (ou como alguns livros didáticos colocam: Grandes Navegações*). Foi devido a esta expansão que podermos ter registros de grandes famílias portuguesas, as quais uns anos depois chegaram ao novo mundo chamado primeiramente de Terra de Santa Cruz e, logo, depois Brasil. Uma destas famílias de grande influência na corte portuguesa veio parar no Brasil, onde se instalaram em terras da fazenda de Irajá e exerceram sua influência também aqui e teve sua importância considerada em terras “brasilis”.

Nesse segundo artigo vou abordar um pouco da História de um dos bairros mais novos do subúrbio carioca que nasceu como um bairro promissor, mas que, devido a muitos fatores, hoje em dia, é um bairro de classe média baixa, cercado de comunidades, mas tem que tem sua beleza em particular.

Palavras Chave: Portugal, Século XIV, Família, Colônia, Fazenda real, Guerra do Paraguai, Ferrovias, Dias de Hoje.

INTRODUÇÃO
Certa vez escutei de uma popular o seguinte sobre Cordovil de antigamente: “Aqui era um lugar magnífico de se viver. Tinha praia, segurança, um rio que se dava para pescar; hoje acabaram com o bairro!”

É com esta frase que eu gostaria de começar esta minha análise com o intuito de tentar mostrar aonde foi parar aquele bairro saudoso e promissor e o que levou a este processo de decadência e violência que vivemos no século XXI. Eu como morador há 20 anos vou mostrar através da história como uma fazenda da nobreza portuguesa que era considerada importante em Portugal se tornou uma localidade de violência e abandono. Como o Rio Irajá, que deságua na Baía de Guanabara, onde nos anos 30 a 60 a população local tomava banho, pescava e, por incrível que pareça, ia até Madureira (segundo relatos), tornou-se um completamente morto.

Rio Irajá; hoje, Valão Irajá.
Mas como todo nome de bairro, Cordovil tem uma origem, um significado. Para muitos, Cordovil era um nome relacionado à linguagem indígena, mas através de estudos e leituras foi descoberto que na verdade é o nome de uma poderosa e influente família de Portugal a qual vamos, a partir de agora, aprender sobre sua existência.

DESENVOLVIMENTO
As Origens em Portugal
Ante de iniciar a contar as origens desta família, cabe ressaltar que a palavra ‘Cordovil’ significa também uma variedade de azeitona portuguesa que foi citada no livro de Antonio Teixeira em “Itinerário” (cap. 29 pag. 409) sendo que a azeitona também é conhecida como “cordovesa”. O primeiro registro do nome Cordovil aparecendo em documentos históricos é datada do ano de 1379 (século XIV) em uma carta direcionada ao Rei D Fernando, onde aparecia o nome de dois irmãos o Lourenço Anes Cordovil e Gomes Anes Cordovil. Os irmãos, segundo registros, viviam em Setúbal e participavam ativamente da sociedade local, onde, o que tudo indica, eram Cavaleiros da ordem Real, podendo-se constatar que se tratavam de nobres.

Brasão da Família Cordovil
Mas as origens da família ainda estão em profundas pesquisas para sua comprovação. De certo é a carta Brasão concedida pelo Rei português D. João III Affonso Cordovil datada do dia 2 de setembro de 1553. D. Affonso era Cavaleiro da Casa Real e da Ordem de Cristo, filho de Antonio Cordovil, Cavaleiro Fidalgo, neto de Francisco Cordovil e bisneto de Lourenço Cordovil, que também foi fidalgo.
 
Houve a Batalha de Aljubarrota que proporcionou a organização da nobreza portuguesa e existe registros que a Família Cordovil participou desta. O Mestre de Avis D. João I (1385-1433) conseguiu organizar a Nobreza após a vitória (14 de agosto de 1385).

Cordovis no Brasil, uma família influente
Não se sabe ao certo quando da chegada da família ao Brasil, mas segundo documentos históricos Bartolomeu de Sirqueira, que era natural de Alvito, em Èvora, nascido em 1640, casou-se com Nathalia Fróes, que era moradora da mesma vila. Desta união nasceu o dono das terras do Ofício de Provedor da Fazenda Real (bairro de Cordovil atualmente) Francisco Cordovil da Sirqueira, que foi casado cm Dona Maria Pacheco Ayró. Dessa união nasceu Bartolomeu Cordovil em Lisboa no ano de 1677 Casou-se no Rio de Janeiro no dia 19 de fevereiro de 1707 na capela do Engenho pertencente à noiva em Irajá, noiva esta Dona Margarida Pimenta de Mello.

O casal teve um filho, Francisco Cordovil de Sirqueira e Mello, que desde dezembro de 1734, a pedido do pai, assumiu a administração da fazenda Real e, com a morte do pai em 3 de janeiro de 1738, a propriedade do Ofício de Provedor da fazenda Real, conforme Carta Régia de 14 de março de 1743.

Desde essa época, a fazenda Real era a maior em extensão dentre os treze engenhos existentes na freguesia de Irajá.

Bartolomeu foi o primeiro Cordovil de destaque em terras brasileiras, onde no Rio de Janeiro foi secretário do Governo da Capitania em 1705, antes exercendo os cargos de soldado, cabo de esquadra, Sargento Superior e Alferes da Companhia do Mestre de Campo Jorge Lopes Afonso, na Capitania de Pernambuco.

O Dr. Francisco Cordovil de Sirqueira e Mello, filho de Bartolomeu, foi um dos homens mais importantes do Brasil Colônia, pois além do provedor da Fazenda Real, era Vedor da Gente de Guerra da Capitania do Rio de Janeiro. Francisco, além do cargo de Provedor da Fazenda Real, foi ainda Provedor da Santa Casa de Misericórdia do Rio de janeiro, no período de 1760/ 1761, substituindo Gomes Freire de Andrade. Francisco ainda foi irmão ministro da venerável Ordem de São Francisco da Penitência no período de 1746 a 1749.

Durante toda a existência da família, muitos Cordovis contribuíram de alguma forma com o Império, sendo uma família de extrema importância. Muitos deles cresceram, estudaram em Coimbra, tiveram cargos no governo e tornaram-se influentes.


O Maior dos Cordovil: Herói Nacional, seu nome é Maurity

Maurity Cordovil
Filho da uma união entre Jacob Maria Maurity e Joaquina Eulália Cordovil Maurity, o futuro Almirante Joaquim Antônio Cordovil Maurity nasceu no dia 13 de Janeiro de 1844 e já desde cedo mostrara um talento nato para liderança. Joaquim foi o aluno número um de sua turma na Escola Naval, foi promovido a Guarda marinha em 1860 aos 24 anos e tenente por bravura em 1867 e ascendeu a Almirante em 1903. Participou ativamente e bravamente na Guerra do Paraguay, nos combates de Itapuru, Passo da Pátria curuzu, Curupaiti, Angustura e Humaitá, a mais famosas delas, e foi nesta, que é considerada um marco na marinha brasileira, onde Cordovil se destacou ajudando a esquadra brasileira vitoriosa e onde lhe rendeu homenagens inclusive do Visconde de Ouro Preto, que o citou em sua obra “A Marinha de Outrora”. Cordovil recebeu homenagens e citações de Visconde de Inhaúma, Eneas lintz, em seu livro “Últimos dias do Humaitá ” (Rio, 1918) e Garcia Júnior, em seu trabalho “Divisas e Bordados”(Rio, 1938).

Depois da brilhante passagem na guerra, continuou mostrando a tradição de influência da família perante o governo brasileiro. Em 1889, foi o escolhido para representar o Brasil em Washington, no Congresso Nacional dos Marítimos. O Almirante ainda chefiou a Comissão Brasileira na Exposição Colombiana em Chicago. Mesmo depois da queda do Império, manteve sua importância e permaneceu ao lado dos republicanos o que lhe rendeu uma viagem à Europa para acompanhar a construção de um navio para a Armada Brasileira, chegando a ser Chefe do Estado Maior da Armada Brasileira.

Uma vida intensa, cheia de honrarias, seu corpo desgastado com os tempos de luta, veio a falecer em sua casa na Rua Haddock Lobo, nº. 135 e sepultado no cemitério São Francisco Xavier. Foi casado com D. Lúcia Brett Maurity e tiveram seis filhos.

O Bairro Nasce!
Como se deu o processo de transformação da fazenda Real no bairro? Para começar, o nome do bairro foi uma homenagem à Família que por quase dois séculos tinha a fazenda nessas terras. A pedido do Imperador D. Pedro II foi construída a linha férrea que ligava o Centre Imperial a Petrópolis a fim de transportar a Família Real para sua casa de verão. A estação foi inaugurada no dia 23 de outubro de 1886. Em 1902, a família Cordovil vendeu as terras para Visconde de Moraes, que as loteou a partir de 1912. O bairro nasceria oficialmente, com a inauguração da estação, em 5 de outubro de 1910 e reconhecido por projeto de lei número 989/2002, da vereadora Rosa Fernandes.

As terras foram vendidas em 1902 pela necessidade de um uso regular do trem que poderia servir de transporte, já que nunca existiram os famosos bondes em Cordovil, com o propósito de levar a família Real para Petrópolis, na República poderia ser um meio de transporte. Pelo lucro da empresa que assumiu a organização dos trens (E.F. Leopoldina 1886-1975), houve a necessidade do loteamento do bairro.

Estação Cordovil Atualmente
Curiosidades
Há anos, todos os moradores de Cordovil andam pela estrada do Porto Velho sem saber por que do nome ou suas origens. A estrada do Porto Velho nada mais era no período Colonial uma estrada que lavava ao porto que tinha no final do caminho (atualmente mercado São Sebastião). A função desse porto era embarcar carne bovina e exportá-la para a Europa. Os Monges Beneditinos atravessavam quase o Rio de Janeiro inteiro trazendo dezenas de bois para esse porto. Eles saiam de onde conhecemos atualmente como Barra da Tijuca (era uma fazenda que pertencia ao Beneditino) através da estrada que já no século XX seria conhecida como Estrada dos Bandeirantes. Os monges matavam os bois na beira do rio e deixavam escoar o sangue.

O bairro a apresentava nas décadas de 20 a 60 um crescimento populacional considerável, mas conseguiu preservar seu ar de bairro do interior (belas casas, os moradores com um bom convívio). O Rio Irajá era bastante usado para banhos em família, pesca de peixes e alguns antigos moradores dizem que se chegava a Madureira por ele. Os moradores colocavam pequenas embarcações e conseguiam ir remando até Madureira, pois esse rio tem sua nascente na serra de Madureira. Mas esse quadro de tranqüilidade veio a mudar a partir do início dos anos 70 e vamos ver isso agora.

A luta de um povo. Nasce a Cidade Alta! 
Antes de fazer o registro da criação da Cidade Alta, tenho que voltar um pouco no tempo e mostrar a todos de onde vieram todas as pessoas e por que foram parar ali.

As pessoas com mais de 60 anos já ouviram falar sobre Praia do Pinto, em Ipanema, onde ficava a comunidade do Pinto. Essa favela foi criada por volta de 1910 por pescadores e operários que trabalharam na construção do Jóquei Clube do Brasil, que receberam permissão do governo (prestem bem atenção nisso) para residir no local e seu primeiro morador chegou no ano de 1913. Anos depois, uma reportagem do Jornal do Brasil feita a um dos moradores mais antigos constatou que a comunidade que estava em formação na época da desocupação foi a união de três outras pequenas comunidades: Praia do Meio, Praia-Mar e Favela da Lagoa, esta se impondo em número de moradores sobre as outras, e por ser oriunda da Lagoa Rodrigo de Freitas, era comum dizer que a lagoa era a “praia” onde os pintos tomavam banho para se refrescar, ficando conhecida como Praia dos Pintos (“Praia do Pinto acaba e deixa Ipanema que ajudou a construir” Jornal do Brasil, 11/05/1969).

Os anos estavam se passando, o crescimento da Favela do Pinto estava cada vez mais perceptível, e foi facilitado pela linha de bondes que, na época, chegou ao subúrbio do Leblon (que também estava crescendo) onde estava a comunidade. Esses moradores ajudaram muito no crescimento tanto do Leblon quanto de Ipanema; ajudaram com usa mão-de-obra na construção de prédios e da infra-estrutura urbana como o sistema de esgoto.

Por volta dos anos 60, iniciou-se um grande programa de remoção do rio, a maior já realizada, sendo o órgão responsável por essas remoções CHISAM - Coordenação de Habitação de Interesse Social da Área Metropolitana - autarquia do Governo Federal em conjunto com o Governo da Guanabara. Removeu-se aproximadamente 175 mil moradores de 62 favelas, transferindo-as para 35.517 unidades habitacionais, chamados de ‘conjuntos’ e localizadas na Zona norte e Oeste como Cidade Alta, Quitungo, Guaporé e Cidade de Deus. A Justificativa do Governo para a remoção era para socializar a família favelada, transformar de família invasora para família dona de sua terra, de sua casa .

 “…invasora de propriedades alheias _ com todas as características de marginalização e insegurança que a cercam_ em titular de casa própria. Como conseqüência, chegar-se-ia à total integração dessas famílias na comunidade, principalmente no que se refere à forma de habitar, pensar e viver.” (CHISAM, 1971: 16).

Mas, vamos voltar um pouco o texto. Lembra que eu escrevi que o Governo autorizou a instalação deles no local? O local onde essas pessoas estavam não era terras invadidas, era terras doadas pelo próprio Governo e que essas pessoas pagaram por esse pedaço de chão com seu suor e trabalho.

Segundo o Governo da época, esses conjuntos habitacionais construiriam um novo tipo de cidadão, um cidadão não favelizado e integrado com a sociedade, pagador de impostos, incorporado ao sistema, respeitador das leis e com bons hábitos (como se moradores de favelas não tivessem). Ou em outras palavras, o Governo tinha de denegrir a imagem da favela, transformar a comunidade em um lugar ruim de viver.

“O ambiente é sem dúvida desfavorável. (…) É difícil, senão extremamente impossível, recuperar homens, mulheres e crianças em ambiente como o das favelas. Pelo que optamos pelo árduo, mas frutífero, trabalho de erradicação.” (CHISAM, 1971: 31).

Então, no dia 23 de março de 1969 se iniciou o processo de remoção das famílias para os conjuntos habitacionais. Na manhã desse dia, as famílias deveriam já estar prontas com seus pertences arrumados, pois os funcionários da CHISAM e os assistentes da Secretaria de Serviços Sociais ajudariam no processo de remoção, mas claro que também estavam as tropas da polícia Civil e Militar para combater qualquer tipo de protestos, re-ocupação e roubos, além de imprensa e curiosos. Já nesse dia, desde cedo, a mando da CHISAM, nenhuma casa da favela tinha luz ou água. O Departamento de Limpeza Urbana (DLU) ficou responsável em derrubar as casas e limpar o terreno e deixar limpo para novo uso. Depois de cinco dias, a Cidade Alta estava recebendo seus primeiros moradores e teve data de inauguração dia 28 de março de 1969.

O Governo colocou todo aquele povo na Cidade Alta, arrumados nos prédios com água e luz, mas como sempre, não se preocupou com uma parcela da população que chegava do Nordeste e/ou simplesmente perdera sua habitação devido a esses programas do Governo. Iniciou-se uma imigração para a Cidade Alta e a construção de barracos. Não houve qualquer controle por parte do Governo, o que ocasionou ligação clandestina de luz e o que contribuiu para matar o Rio Irajá – com a ligação clandestina de água e o despejo de resíduos humanos no rio, ao passar dos anos, este que era limpo foi morrendo. Obviamente não podemos colocar a culpa apenas na Cidade Alta, mas também de todas as comunidades que o cercam desde Madureira.

Lembrança de um Cordovil Charmoso!
Em entrevista com a Senhora Lindamarival Certo Toste, nascida dia 16 de novembro de 1948 e criada desde pequena em Cordovil, foi constatado um Cordovil antigo, charmoso com parques de diversão, carnavais marcantes, fábricas, etc. Um bairro em crescimentos que tinha tudo para ser do subúrbio, mas como exemplos de Vista Alegre e Vila da Penha, uma bairro bom, logo, melhor de se morar. Esses relatos são totalmente verdadeiros e vocês irão conhecer o que era Cordovil numa época que não volta mais.

A linha de trem na década de 60 já era toda murada para evitar acidentes. A estação não é no mesmo local de hoje. A pequena plataforma era um pouco mais para o lado de Lucas onde existia uma cancela para passagem de pedestres e carros. Esta cancela não existe mais e sua localização é em frente à loja de máquina de costura (atualmente). Já tivemos algumas fábricas de grande porte como a Fábrica de Ônibus da Cifferal, Tintas Cordovil e Bioquímica, todas localizadas na Rua Antonio João. Atualmente existe um posto de gasolina, mas há muito tempo, no lugar deste posto tinha um parque de diversões onde o povo brincava todos os dias;

O morro aonde os prédios do Governo foram construídos para abrigar a população da comunidade de Ipanema era apenas barro e mato e, toda vez que chovia, formava-se um lago natural onde os moradores se deliciavam tomando banho e fazendo de piscina. Há relatos que havia caminhões que subiam até lá para pegar água; possivelmente existia uma cachoeira ou um córrego;

Ainda nesse tempo existia a praia da Moreninha, aonde a comunidade reunia-se para pegar sol e se divertir;

No início da Porto Velho, hoje em dia vemos a Escola Roraima, o Clube Cordovilhense e uma pequena comunidade, mas em 1960 existia no local um campo de futebol que pertencia ao Clube Vasquinho, um time criado pelos moradores, possivelmente em homenagem ao time do Vasco;

O Rio Irajá não tinha esse tamanho todo em sua margem; era bem mais estreito, o que proporcionava, toda vez que chovia, o transbordamento de tal maneira que inundava quase todo o bairro;

Aonde vemos hoje uma loja de construção e fábrica de materiais, era antigamente um consultório médico;

Não existia ônibus na Porto Velho. As pessoas deveriam atravessar a linha do trem pra poder se locomover para outras regiões. Apenas depois do aparecimento da Cidade Alta que foi introduzida uma linha de ônibus que fazia o trajeto Cordovil x Tiradentes (Atualmente 335);

A Rua Ferreira Franca mudou de nome para Rua Laércio Mauricio da Fonseca, pois ele era um fiscal das feiras e policial que residia na rua. Como era um cara muito conhecido, em sua homenagem, depois de morto, batizaram a rua. Ali passava uma linha de ônibus Penha x Lucas;

Cordovil já teve famosos ilustres morando como Wagner Paula Pinto (Radialista) e Wanderléia (Cantora);

O Carnaval em Cordovil tem sua tradição: quem organizava era o senhor Oswaldo Bonavita. Ele fechava a Porto Velho, arrumava tudo, colocava coretos feitos por ele, enfeitava a rua ,contratava bandas e artistas, fazia concursos. Morava na Paulo Bregário atrás da farmácia do Seu Lima, ao lado da casa de Wanderléia;

A rua que leva até Brás de Pina, o lado da Igreja Santa Cecília era deserto e perigoso, mas era comum os casais irem para namorar e a rua ficou conhecida como ‘rua do pecado’.

Aqui era uma escola!
CONCLUSÃO
Uma terra mal habitada por habitantes pré-coloniais, de lugar de praias e um porto à fazenda de uma família poderosa, de venda das terras a um bairro suburbano abandonado pelos poderes governamentais. Cordovil teve seu momento próspero, teve seu momento de bairro bom e nobre, mas com a violência, o descaso das autoridades e a falta de cuidado de sua própria população, nos dias de hoje não passa de um bairro de baixa renda, de grande maioria de pessoas pobres, mais muito boas de coração e capazes de levantar cedo para pegar o trem e o ônibus para ir trabalhar. Parabéns, Cordovil! Tu és um bairro querido e amado e quem mora tem orgulho de dizer “Moro em Cordovil!”.

Campinho do Vasco era aqui!

BIBLIOGRAFIA
Pires Cordovil,W.F.Cordovil: Suas origens, a família. O bairro. 1.ed. Rio de Janeiro:True produção e Designs,2000.

Artigo “MEMÓRIAS DA REMOÇÃO: O INCÊNDIO DA PRAIA DO PINTO E A 'CULPA'”
DO GOVERNO
Mario Sergio Brum*

www.memoria.bn.br

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Autor do Artigo: Paulo Silva
(Acadêmico em História | Co-Criador do Blog | Técnico em Enfermagem)