HISTÓRIA
DA MÚSICA EVANGÉLICA BRASILEIRA:
CAUSAS
E CONTEXTO DE SUA ORIGEM!
RIO
DE JANEIRO
2017
Raphael Paiva Peres da Silva
AGRADECIMENTOS
Agradeço
a Deus por me estar dando forças nestes 27 anos de vida. Agradeço aos meus
pais, que me doutrinaram no caminho do Senhor. Em relação à música, agradeço à
minha mãe, que “me jogou” no meio. Como não falar em Música-Igreja-Solo-Coro
sem citar o nome Debora Paiva? Meu exemplo! Minha diva! Meu ídolo!
Agradeço
à minha irmã que, com suas críticas silenciosas (ou apenas em suas gargalhadas),
faz-me buscar fazer melhor.
Agradeço
à minha avó, a mais sensual e sexy de todas, que tem aturado este menino
durante estes anos de vida. “Lá vem Faraó!”.
Agradeço
às pessoas que, sempre que puderam, deixaram-me cantar e me expressar do jeito
que mais amo: tio Isaías, tia Ester, Sandro, tia Inês, tia Meire, Joás,
Cristiane, pastor Dercinei e, claro, ao meu amigo e apoiador Ricardo.
Por
último, mas não menos importante, agradeço ao pesquisador, colecionador e
escritor Salvador de Sousa que no ano de 2011, com o lançamento do livro
‘História da Música Evangélica no Brasil’ pela Editora Ágape, fez-me ter mais
vontade de pesquisar sobre esta grande História que a Música Evangélica possui.
DEDICATÓRIA
Dedico
este Artigo ao meu grande avô – José Paiva de Oliveira. Um grande homem. Um
grande cristão. Um exemplo. Foi este quem dedicou, apresentou e entregou a vida
da minha mãe nas mãos de Deus desde o ventre da minha avó. Por onde passava, um
sorriso brilhava e levava a Palavra de Deus sem nem precisar mencioná-la. Como?
Quem é de Deus mesmo é diferente! Quem é de Deus mesmo não precisa ficar
falando "aos cotovelos" que é. Apenas é! Obrigado, meu grande avô!
"Pois
Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de
equilíbrio." (2 Timóteo 01:07)
HISTÓRIA DA MÚSICA EVANGÉLICA BRASILEIRA: CAUSAS
E CONTEXTO DE SUA ORIGEM!
Raphael Paiva
Peres da Silva
RESUMO: A música evangélica brasileira tem
sua história, ainda em pesquisa visto que são poucos os interessados por esta
arte exercida de forma tão excelente. A cada dia acha-se uma novidade em
relação a pioneirismo ou um novo LP encontrado que mostra que tem mais história
do que já sabíamos. O presente trabalho visa mostrar esta pequena grande
história mostrando suas origens e causas desde D. João VI, quando este assina o
Tratado de Aliança e Amizade e Comércio e Navegação. Analisa-se também a
criação das gravadoras, jornais, os pioneiros, pastores e músicos envolvidos
direta ou indiretamente para o crescimento e desenvolvimento da Música
Evangélica. Como Metodologia, utiliza-se como base o livro ‘História da Música
Evangélica no Brasil’ de autoria de Salvador de Sousa, lançado em 2011 pela Editora
Ágape e compara-se com os sete livros utilizados como Bibliografia.
PALAVRAS-CHAVE:
Música, Gospel, Evangélica, Igreja, Pioneirismo
ABSTRACT: The Brazilian Gospel music has
its history, still in research since few are interested by this art exerted of
so excellent form. Every day is a novelty in relation to pioneering or a new LP
found that shows that it has more history than we already knew. The present
work aims to show this small great history showing its origins and causes since
D. João VI, when this one signs the Treaty of Alliance and Friendship and
Commerce and Navigation. It is also analysed the creation of record labels,
newspapers, pioneers, pastors and musicians involved directly or indirectly for
the growth and development of Evangelical Music. As a Methodology, it is used the
book 'History of Evangelical Music in Brazil' written by Salvador de Sousa,
launched in 2011 by Editora Ágape and is compared with the seven books used as
Bibliography.
KEYWORDS: Music, Gospel, Evangelical,
Church, Pioneering
PONTOS/CONCEITOS
IMPORTANTES
Religião
(por Dicionário Aurélio)
1.
Culto prestado à divindade.
2.
Doutrina ou crença religiosa.
3.
O que é considerado como um dever sagrado.
4.
Reverência, respeito.
5.
Escrúpulo.
6.
Comunidade religiosa que segue a regra do seu fundador ou reformador.
7.
em religião: como religioso.
8.
religião do Estado: aquela que o governo subvenciona.
Evangelho
(por Dicionário Aurélio)
1.
Doutrina de Cristo.
2.
Cada um dos quatro livros principais que a encerram (o Evangelho de S.).
3.
Parte do evangelho que se lê na missa.
4.
Verdade indiscutível.
5.
Doutrina tendente a regenerar a sociedade.
6.
Conjunto de princípios por que um partido ou uma seita se dirige.
7.
lado do Evangelho: lado do altar que fica à esquerda dos assistentes.
8.
levar o Evangelho a: pregar e tornar conhecido o Evangelho em; evangelizar.
9.
ordens de Evangelho: ordens de diácono ordens de diácono.
O GOSPEL E A MÚSICA GOSPEL
“Gospel pode ser
entendido como um estilo de música dos cultos religiosos, que possui sua origem
na comunidade negra norte-americana, caracterizando-se por uma harmonia
simples, pelo gênero folclórico e pela intensa influência do blues.” [Fonte: https://www.significados.com.br/gospel/]
A
Música Gospel é conhecida no Brasil como o estilo musical religioso dos grupos
ditos cristãos. Entretanto, temos que aumentar este conceito: a Música Gospel
são vários tipos de estilos dentro de um. Os cantores cristãos (evangélicos)
não possuem apenas um estilo de gravar e, sim, utilizam-se de todos os estilos
que existem e colocam os ensinamentos da Bíblia (a dita Palavra de Deus) nas
diversas melodias: Axé, Black music, Bossa Nova, Country, Forró, Funk carioca,
Instrumental, Louvor e Adoração, Metal, MPB, Pentecostal, Pop, Rap, Reggae,
Regional, Rock, Sacro, Samba e pagode e Sertanejo (SOUSA, 2011, p.09).
Além
disso, vale ressaltar que os estilos, assim como no mundo dito secular, mudam
(ou são escolhidos pelo cantor e/ou gravadora) de acordo com o que é mais
rendável no mercado, até porque, o Mercado Gospel é também um Mercado e, para
isto, possui sua logística, dados, certificados. Um dos exemplos mais clássicos
é o Sacro/Lírico. Os anos 80 da Música Evangélica Brasileira é conhecido pelos
cantores e grupos que trouxeram músicas internacionais e fizeram suas versões
(ex.: Marina de Oliveira, Cristiane Carvalho, Grupo Prisma Brasil, Grupo
Renascença). Já nos anos 90, o Lírico cai e entra em voga as músicas
congregacionais, músicas ditas de ‘Louvor e Adoração’ (ex.: Comunidade
Internacional da Zona Sul, Diante do Trono, Renascer Praise). A partir dos anos
2000, o Sacro tornou-se um mercado não vendável. O que vende hoje no meio
gospel é pop (ex.: Fernanda Brum, Aline Barros) e pentecostal (ex.: Cassiane,
Shirley Carvalhaes, Lauriete, Andrea Fontes). Vale acrescentar que a música
pentecostal é uma das que nunca saíram ‘de moda’. É a chamada ‘reteté’ ou ‘música
de fogo’ que sempre foi rendável.
Junto
a isto, acrescenta-se que este mercado é grande e, de acordo com dados do
Portal ECONOMIA/TERRA, movimenta R$ 21,5 bilhões por ano. Ou seja, perde apenas
para o pop-rock e sertanejo. “O mercado consumidor gospel cresce 14% ao ano,
segundo estimativa da Associação Brasileira de Empresas e Profissionais
Evangélicos. A música responde por 10% dos R$ 20 bilhões que o setor fatura no
país, incluindo moda, internet e até sex shops” (Portal JM Notícias).
Este
grande mercado que está girando a todo vapor explica-se por uma questão
relativamente simples: a palavra ‘pecado’. Seguindo as palavras da Bíblia e as
ordenanças de Jesus Cristo, os cristãos consideram que pirataria é crime, logo,
pecado. Se este texto tivesse sido feito há uns 15 anos, poderíamos acrescentar
que as Qualidades Vocais e Poéticas ajudariam nas vendas. Mas o mundo mudou, as
músicas mudaram e o Mercado Gospel também mudou, sendo “apenas” mais um mercado
que gira de acordo com o que o Mundo pede.
“Estimamos que os
evangélicos movimentem cerca de R$ 21,5 bilhões por ano. É um público com bom
poder de consumo, pois vive uma vida mais regrada e não gasta com bebida,
cigarro ou balada. O mercado começou a se dar conta disso nos últimos 10 anos,
e o número de empresas voltadas pra eles está crescendo.” (Marcelo Rebello,
presidente da Abrepe - Associação Brasileira de Empresas e Profissionais
Evangélicos - e organizador do Salão Internacional Gospel.)
O
"VOCABULÁRIO CRISTÃO"
É
evidente afirmar que, para se falar de religiões cristãs, sua cultura, sua arte
e sua música, nós temos que analisar alguns termos que, no cotidiano, não são
muito usados, sendo mais expressados dentro dos círculos sociais de quem
frequenta.
1.
Apresentação: show, performance, concerto.
Ex.:
Aline Barros faz apresentação. Alcione faz show.
2.
Adoradores: cantores, artistas.
Ex.:
Aline Barros é uma adoradora. Alcione é uma artista.
3.
Secular: algo que não seja evangélico.
Ex.:
Aline Barros canta músicas evangélicas. Alcione canta músicas seculares.
4.
Ministério: Carreira
Ex.:
Cassiane tem mais de 30 anos de Ministério. Xuxa tem mais de 30 anos de
carreira.
INTRODUÇÃO
Para
entender como a Música Evangélica vem e fica no Brasil, faz-se necessário
viajar para Portugal no reinado de D. João II, no século XV, onde este adotava
uma nova política de centralização que hostilizava a nobreza. Medidas
administrativas e judiciárias que aumentavam o poder de sua burocracia e, por
conseguinte, enfraquecia a nobreza senhorial. A Monarquia consolida-se e, em
1485, D. João retoma o projeto da expansão ultramarina.
“Lucros,
império e fé combinaram-se!”
(WEHLING,
Arno; WEHLING, Maria José. 2005, p.38)
De
forma bem simples, e por tópicos, será explicado como se deu a Expansão
Marítima (As Grandes Navegações), visto que o intuito do presente Artigo é
falar sobre a História da Música Evangélica e não do “nascimento” do Brasil
Colônia:
-
Escassez de ouro na Europa no século XV;
-
Busca de ouro em terras africanas;
-
Falta de cereais, como trigo;
-
A batalha que resultou na conquista de Ceuta (1415);
-
O espírito das Cruzadas[1];
-
Plano para atingir as Índias (1474);
-
Muçulmanos impedem a passagem dos portugueses pelo Mar Mediterrâneo;
-
Diogo Cão descobre a foz do rio Zairo, no litoral da Angola;
-
Bartolomeu Dias atravessa o cabo da Boa Esperança e atinge a passagem para o
Oceano Índico (1488);
-
Descoberta da América por Cristóvão Colombo (1492);
-
Vasco da Gama chega às Índias (Calecute), inaugurando a chamada Rota do Cabo
(1498);
-
No ano de 1500 é organizada a segunda viagem para Índia, sob comando do fidalgo
da Ordem de Cristo Pedroalvarez de Gouvea, ou Pedro Alvares Cabral.
A
Europa, nesta época, vivia uma “crise espiritual” devido ao decréscimo de fiéis
na Igreja Católica. Como já era normal, nas embarcações sempre havia jesuítas.
Em relação às viagens de expansão, o intuito era de converter os nativos
(índios) para realimentar a máquina católica portuguesa. Vale ressaltar que
esta queda de membros - e também um pouco do poder do Catolicismo - deu-se com
o surgimento do Cristianismo, visto que este aceitava que pessoas ditas
“normais” pudessem enriquecer, ao contrário daquele, que não aceitava o
enriquecimento “alheio” e do nada.
O
SINCRETISMO RELIGIOSO
Estamos
no Brasil Colônia! Religião “não existe”! O que há é um Sincretismo Religioso.
Eram ideologias africanas, indígenas e portuguesas (que já eram oriundas de uma
fusão de outras ideologias) reunidas no Brasil. Esta mistura era uma forma de o
senhor de engenho “ter os escravos nas mãos”. Ninguém era inocente e ignorante,
como nossa vida acadêmica sempre nos ensina. Os donos de terra sabiam que era
necessário fornecer certo “lazer” para os escravos, assim como os escravos
sabiam de sua importância para os senhores e para o crescimento e desenvolvimento
dos engenhos.
A
religiosidade colonial também foi conhecida por ter sido muito falha, no fato
de que os que pregavam, ensinavam as doutrinas e faziam os ritos relacionados à
adoração a Deus eram do baixo clero, ou seja, pessoas totalmente mal preparadas
e qualificadas.
Retrato de Hans Staden feito por H. J. Winkelmann, em 1664. |
Em
meio ao que foi dito na Introdução e nestes primeiros parágrafos do
Desenvolvimento, tem-se um dos primeiros evangélicos a pisar no Brasil: o
alemão Hans Staden. Nascido em 1525 na cidade de Homberg, foi um aventureiro do
século XVI. Veio ao Brasil por duas vezes a fim de combater nas capitanias de
Pernambuco (1547) e de São Vicente (1549). Em 1553, Tomé de Sousa[2] concede a ele a função de
artilharia no forte de Santo Amaro, com o intuito de combater os indígenas. No
ano seguinte é capturado por Tupinambás, ficando nove meses preso. Lá, cantava
Salmos e Cânticos, como o clássico Salmo 130 (Das profundezas clamo a Ti,Senhor!). E foi por causa da cantoria que se livrou da morte, visto que os
índios gostavam. Além disto, “recitava trechos bíblicos e orava em voz alta”
(SOUSA, 2011, p.22), deixando os índios amedrontados, adquirindo respeito e,
por consequência desta convivência de medo e, depois, “amor”, aprendendo a língua
deles. Sendo solto, voltou à Europa no dia 31 de outubro de 1554, chegando a
Normandia em 20 de fevereiro de 1555.
OUTROS
PROTESTANTES NO BRASIL
“Sobre a presença
espanhola, sabemos que antes de Cabral passaram pela costa brasileiro Diego de
Lepe e Vicente Pinzón. Pouco mais tarde os espanhóis procuraram uma passagem
para o Pacífico pelo Sul do continente, visando chegar às ilhas Molucas. Achado
o caminho com a expedição de Fernão de Magalhães (1519-1522), estabeleceram
logo uma rota regular, que transformou o litoral brasileiro em ponto de apoio
para seus navegadores e na qual exploravam também o pau-brasil.
A presença
francesa no litoral brasileiro foi igualmente precoce. Sabemos que Binot de
Gonneville aqui esteve em 1504, carregando pau-brasil, mas ele próprio indicou,
em relato posterior, outros franceses que o haviam antecedido. Apesar da falta
de documentos confiáveis, a atividade comercial dos franceses deve ter sido
intensa, pois o governo português fez diversos protestos à corte francesa antes
de 1516 e enviou ao Brasil, nesse ano, a expedição “guarda-costas” de Cristóvão
Jacques.”
(WEHLING, A;
WEHLING, M., 2005, p.46)
Como
já mencionado, não só os portugueses estiveram no Brasil. Espanhóis, holandeses
e franceses puseram seus pés aqui. Os cristãos franceses chegaram em uma
esquadra com aproximadamente 600 pessoas no dia 10 de novembro de 1555. No dia
07 de março de 1557, já em uma esquadra com aproximadamente 300 pessoas,
estavam 14 protestantes franceses ou, como eram chamados, huguenotes. Dentre
estes 14, um pastor e um doutor em Teologia, enviados por João Calvino.
João Calvino |
Nota
Explicativa: Quem foi João Calvino?
“Quando Lutero
divulgou suas 95 teses, em 1517, o francês João Calvino (1509-1564) tinha 8
anos de idade. Além dos 26 anos que separam suas convicções, como teólogo e
humanista, em um ambiente em que a unidade da Igreja já estava rompida. Ao
contrário de Lutero, não foram tensões espirituais as responsáveis por sua
adesão à Reforma, mas sim suas convicções intelectuais e a certeza de que a
verdade redescoberta estava ao alcance de quem aceitasse buscá-la. Por um tempo
dividido entre a teologia, que o interessava diretamente, e o estudo do
Direito, que frequentou durante dois anos por determinação do pai, após a morte
deste, Calvino entregou-se integralmente aos estudos religiosos, do que
resultou sua obra mais famosa, Instituição da religião cristã, publicada em
1536, quando ele tinha apenas 27 anos. O livro teve consagração imediata e
promoveu o teólogo à posição de novo líder reformador. Escrito para ser
compreendido fora dos círculos eruditos, o trabalho foi revisto pacientemente
pelo autor até sua edição definitiva, em 1559.
Em seus debates
doutrinários – e não apenas neles – Calvino mostrou-se um combatente incansável
e impiedoso. Em Genebra, por exemplo, desenvolveu intensa campanha contra a
prostituição, convencendo os magistrados a abrir algo como tabernas
eclesiásticas, onde o consumo moderado de bebidas seria compensado com
propaganda religiosa. A mudança desagradou imediatamente a população, que
exigiu e obteve a reabertura das antigas tabernas. Quanto aos mais ricos, o
reformador também tentou, sem sucesso, moderar seus hábitos de vida e consumo,
mas encontrou forte resistência.
Em 1553, Calvino
foi enfrentado pelo espanhol Miguel Servet, cuja obra atacava, diretamente, o
livro Instituição da religião cristã. O “herege”, então em Viena, foi
denunciado por Calvino, mas conseguiu fugir da prisão e, por razões jamais
sabidas, seguiu para Genebra, onde acabou caindo nas mãos de Calvino. Por
interseção do reformador, Servet foi preso, condenado e executado na fogueira,
apesar da apelação do denunciante pela comutação da pena e sua transformação em
uma “mais misericordiosa”, a decapitação...
Em meados do
século XVI, o calvinismo já se firmara como principal corrente da Reforma
Protestante e, quando seus adeptos – por conta da perseguição e resistência que
sofriam – assumiram, cada vez mais, posições radicais, o movimento teve de
enfrentar, com a mesma convicção, eclesiásticos da “velha” Igreja e governantes
civis." (MICELI, 2013, pp.81-82)
Escultura que representa o Primeiro Culto. |
No
dia 10 de março de 1557 foi realizado o primeiro culto no Brasil, na Baía de
Guanabara (RJ). Um dos hinos cantados foi o Salmo 5, de acordo com o disposto
no Saltério Huguenote, hinário dos franceses. Porém, os portugueses
interpretaram isto como uma tentativa de a França querer tomar o país. Os
franceses foram mortos e, em 1567, totalmente expulsos.
"O
desembarque no forte Coligny deu-se no dia 10 de março, uma quarta-feira. O
vice-almirante recebeu o grupo afetuosamente e demonstrou alegria porque vinham
estabelecer uma igreja reformada. Logo em seguida, reunidos todos em uma
pequena sala no centro da ilha, foi realizado um culto de ação de graças, o
primeiro culto protestante ocorrido nas Américas, o Novo Mundo. O ministro
Richier orou invocando a Deus. Em seguida foi cantado em uníssono, segundo o
costume de Genebra, o Salmo 5: “Dá ouvidos, Senhor, às minhas palavras”. Esse
hino constava do Saltério Huguenote, com metrificação de Clement Marot e
melodia de Louis Bourgeois, e até hoje se mantém nos hinários franceses.
Bourgeois foi diretor de música da Igreja de Genebra de 1545 a 1557 e um dos
grandes mestres da música francesa no século 16. A versão mais conhecida em
português (“À minha voz, ó Deus, atende”) tem música de Claude Goudimel (†1572)
e metrificação do Rev. Manoel da Silveira Porto Filho. Em seguida, o pastor
Richier pregou um sermão com base no Salmo 27:4: “Uma coisa peço ao Senhor e a
buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida,
para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”. Após o culto, os
huguenotes tiveram sua primeira refeição brasileira: farinha de mandioca, peixe
moqueado e raízes assadas noborralho. Dormiram em redes, à maneira indígena. A
Santa Ceia segundo o rito reformado foi celebrada pela primeira vez no domingo
21 de março de 1557."
(Daniele Pereira –
Portal Blog: IP Esperança)
Em
1630, há a chegada dos holandeses no Nordeste, tendo permanecido até 1654,
quando foram expulsos pelos portugueses. Eles fundaram 22 congregações da
Igreja Reformada no Brasil, ficando todas, a princípio, sob jurisdição do
Presbítero de Amsterdã. Não há registros de atividades
protestantes no Brasil no século XVIII (1700-1799). Uma das prováveis causas é
a presença do Santo Ofício da Inquisição, que tinha como um dos objetivos
extinguir protestantes, considerados hereges.
“Às
vezes, a vida cotidiana da colônia parecia estar irreversivelmente demonizada.
Na mentalidade popular, delineava-se, nítida, a visão do inferno. O Compêndio
Narrativo do Peregrino da América, que coletou inumeráveis tradições populares
em voga no primeiro quartel do século XVIII, ficou a imagem de um dos infernos
possíveis: um inferno semelhante ao que as populações européias tinham em seu
acervo imaginário, e que eruditos da Baixa Idade Média incorporavam à
demonologia.” (MELLO, 1986, pp.144-145)
SÉCULO
XIX
“D. Maria de
Portugal (a Rainha louca): Rainha de Portugal desde 1777, porém, devido a
problemas de saúde, a regência do Reino é assumida por seu herdeiro, Dom João.
Foi alcunhada de Maria, a Louca por conta das célebres crises de alucinação em
público. Extremamente católica, assim como toda a Família Real, Maria I chegou
ao Brasil em 1808 contra a própria vontade. Inúmeros são os relatos de
sentimento de estranheza por parte dos brasileiros à Rainha.
D. João VI (o
príncipe Medroso): Dom João assumiu a regência do Reino no lugar da mãe, Dona
Maria, que padecia de problemas psicológicos. Em meio às crises conjugais com a
esposa, Carlota Joaquina, (resultado de um casamento que revela-se meramente
político) Dom João tem o desafio de transferir a Coroa para os Trópicos e
mantê-la estável e assegurar o domínio sobre a nobreza.
Napoleão
Bonaparte: O "Vendaval que varreu a Europa", Napoleão Bonaparte
subjugou grande parte do "Velho Continente" durante seu temido
reinado. O ex-general, ao decretar o Bloqueio comercial à Inglaterra,
impulsionou a transferência da Corte para o Brasil.
Carlota Joaquina:
Mulher de D. João. Casaram-se por interesse de suas famílias. Tinha a fama de
ser muito feia, possuía um gênio muito forte e pretendia sempre impor suas vontades.”
(GOMES, 2007, Release)
No
ano de 1808, o monarca português D. João VI e sua comitiva chegam ao Brasil.
Dois anos depois, mais precisamente no dia 19 de fevereiro de 1810, este assina
o ‘Tratado de Aliança e Amizade e Comércio e Navegação’, o que contribuiu para
o estabelecimento do culto protestante no Brasil. Com este tratado, foi
permitido aos ingleses realizarem seus cultos anglicanos na colônia de
Portugal. No tratado estabelecia que os ingleses que viviam no Brasil teriam liberdade
de consciência e de culto religioso, devendo seus locais de culto assemelhar-se
a domicílios particulares (Art.º 12). Além disso, no Art. 9º o príncipe regente
comprometia-se a não permitir o estabelecimento de Inquisição nos Estados
Unidos da América Meridional.
Em
1820 analisa-se a chegada de outros imigrantes ingleses, que vão morar em Nova
Friburgo (RJ). No dia 07 de setembro de 1822 temos a Independência do Brasil,
fato que encoraja novos imigrantes ingleses a virem ao país. Em 1824 chega ao
Brasil o presbítero Friedrich Oswald Sauerbronn (Foto 01 abaixo), que pastoreou por 40 anos Nova
Friburgo.
Em
1855 temos a chegada do casal Dr. Robert e Miss. Sarah Kalley (Foto 02 acima), de suma
importância à Igreja.
"Tendo vindo
ao Brasil em 10 de maio de 1855, o recém-chegado casal Dr. Robert e Miss. Sarah
Kalley logo fundou a Igreja Evangélica Fluminense e Pernambucana - primeiras
atividades da Igreja Evangélica em língua portuguesa no Brasil. Não poderia ser
diferente... Nossa Igreja Congregacional tem os Salmos e Hinos como sua
coletânea oficial de cânticos. O Hinário foi publicado em 1861 com 50 cânticos
(18 Salmos e 32 Hinos), e manuseado,
pela primeira vez, em 17 de
Novembro de 1861 - seis anos depois da chegada do casal ao Brasil. Naquela oportunidade foi cantado o hino nº
609 (Convite aos Meninos), cuja autoria é atribuída à Sarah Kalley. Esta
coleção foi a primeira coletânea de Hinos Evangélicos em língua portuguesa,
organizada no Brasil. Vinte e um anos foi quanto durou o ministério do casal
abençoador do povo brasileiro da época e, como foi transmitido através do
Espírito Santo de Deus, perdura até nossos dias (150 anos depois), e continuará
- uma vez que se trata da Palavra de Deus - entoada nos cânticos. Em sua 2ª
edição, no ano de 1865, já continha 83 cânticos. Nas edições posteriores foram
sendo acrescentados diversos hinos – tanto que em 1919 já contava com 608
músicas, cuja edição foi organizada pelo Dr. João Gomes da Rocha, que foi o
principal responsável pela publicação daquela coletânea. Nosso Hinário contém
melodias de diversas origens como Brasileira, Portuguesa, Alemã, Austríaca,
Espanhola, Francesa, Inglesa, Americana, dentre outras. Ele apresenta uma
diversidade que o torna ainda mais rico do ponto de vista musical. Em meados do
século XX o Hinário passou por uma importante revisão realizada por uma equipe
de especialistas em música, tornando a coletânea ainda mais funcional para ser
utilizada em nosso dia-a-dia, com a sua textualidade de versos aprimorada.
Graças damos a Deus por homens e mulheres que trabalharam desde o início até
agora para a preservação do nosso Salmos e Hinos. É certo que o Senhor a muitos
já chamou. A nós cabe preservarmos este tesouro musical e poético. Os Salmos e
Hinos foi, inclusive, usado como primeiro Hinário por diversas denominações.
Atualmente, no seu aniversário de 150 anos (17/11), e com 677 Cânticos, é
considerada uma das mais belas coleções de Hinos já produzida para o
Cristão-protestante do Brasil. Hoje está na sua 5ª edição, e contém 28 Salmos,
622 Hinos e 27 Coros." (Fonte:
Portal UHC)
Trinta
e quatro anos após a chegada do presbítero, em 1858, chega ao Brasil a ‘Igreja
Congregacional’ e, como citado acima, em 1861 há o lançamento do primeiro
hinário evangélico brasileiro ‘Salmos e Hinos’. Em 1862 chega ao Brasil a
‘Igreja Presbiteriana’, a Primeira Igreja Presbiteriana do
Brasil, localizada no Rio de Janeiro. Foi fundada por Ashbel
Green Simonton (missionário estadunidense) que chegou ao Rio de Janeiro no dia
12 de agosto de 1859. É a oitava maior denominação protestante do país e a
maior denominação presbiteriana. No Brasil, segundo o Censo realizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2010, possui aproximadamente
1.011.300 membros distribuídos em mais de 10.407 igrejas locais e congregações
em todo o Brasil.
“A Igreja
Presbiteriana do Brasil é uma federação de igrejas que têm em comum uma
história, uma forma de governo, uma teologia, bem como um padrão de culto e de
vida comunitária. Historicamente, a IPB pertence à família das igrejas
reformadas ao redor do mundo, tendo surgido no Brasil em 1859, como fruto do
trabalho missionário da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. A Igreja
Presbiteriana do Brasil é a mais antiga denominação reformada do país, tendo
sido fundada pelo missionário Ashbel Green Simonton (1833-1867), que aqui
chegou em 1859. Mais tarde, ao longo do século 20, surgiram outras igrejas
congêneres que também se consideram herdeiras da tradição calvinista. São as
seguintes, por ordem cronológica de organização: Igreja Presbiteriana
Independente do Brasil (1903), com sede em São Paulo; Igreja Presbiteriana
Conservadora (1940), com sede em São Paulo; Igreja Presbiteriana Fundamentalista
(1956), com sede em Recife; Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil (1975), com
sede em Arapongas, Paraná, e Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (1978), com
sede no Rio de Janeiro.” (Fonte:
Portal IPB)
Em 1864 o
presbiteriano Ashbel Green Simonton funda o primeiro jornal evangélico no
Brasil, o ‘Imprensa Evangélica’. No dia 01º de janeiro de 1886 temos a
fundação, pelo missionário norte americano John James Ranson, do jornal
‘Expositor Cristão’, que existe até hoje (http://www.expositorcristao.com.br/).
Além deste, foi fundado o jornal ‘Echos da Verdade’ pelo missionário batista
norte-americano Zacarias Clay Taylor, este que em 1882 ajudou na fundação da
Primeira Igreja Batista Brasileira em Salvador, na Bahia, juntamente com o
casal William Buck Bagby e Anne Luther Bagby, e o ex-padre Antônio Teixeira de
Albuquerque.
Ashbel Green Simonton |
MAIS
ALGUMAS DATAS IMPORTANTES
1871:
chega ao Brasil a ‘Igreja Metodista’ e a ‘Igreja Batista’.
1887:
surgimento do gramofone.
1889:
criado o jornal ‘O Puritano’.
1890:
chega ao Brasil a ‘Igreja Episcopal’.
1892:
criado os jornais ‘O Cristão’ e ‘O Estandarte’.
1894:
criado o jornal ‘As Boas Novas’, por Salomão Luiz Ginsburg.
SÉCULO
XX
No
ano de 1901 ocorre a primeira gravação de uma música evangélica, em São Paulo.
Um irmão chamado José Celestino de Aguiar reuniu seus familiares e os do
reverendo Bellarmino Ferraz e formou um coral a quatro vozes, que gravou o hino
‘Se nos cega o sol ardente’, do ‘Salmos e Hinos’, primeiro hinário evangélico
brasileiro, cuja primeira edição surgiu em 1861. José D’Araújo Coutinho Junior
(Agudos-SP) foi o responsável por raspar a cera de um cilindro usado, gravando,
assim, a música do coral.
1902:
primeira gravação de uma música secular, feita em cilindro.
1910:
discos de 78 rpm são adotados pelas gravadoras.
Rua Siqueira Mendes, 79 - Belém do Pará Local onde a partir de 1911 foram realizados os primeiros cultos da Assembléia de Deus. |
No
dia 07 de setembro de 1922 ocorre a primeira transmissão radiofônica, feita no
Rio de Janeiro, então capital do Brasil. No caso dos evangélicos, a primeira
transmissão só ocorreria no dia 26 de maio de 1929 através da Rádio Club do
Brasil (RJ), realizada pelo reverendo Rodolfo Hasse, da Igreja Luterana, que
conseguiu 30 minutos.
1939:
televisão no Brasil.
Em
1948 temos o lançamento do LP (Long Player) pela gravadora norte-americana
Columbia Records. Era feito de vinil, plástico mais resistente, mais leve,
cabia mais músicas, tinha 33 1/3 de RPM e era de melhor qualidade sonora. Logo,
veio o toca-discos. Neste ano há o lançamento da primeira gravadora evangélica
no Rio de Janeiro, a Gravadora Atlas (Departamento de Rádio e Gravações do
Serviço Noticioso Atlas). Seu primeiro lançamento foi o segundo trabalho de
Feliciano Amaral (Mensagem Real/Vem a Cristo! – 78 rpm). Um ano depois, em 1949,
temos o surgimento do compacto vinil e o surgimento as primeiras capas
personalizadas no Brasil.
O
ano de 1950 foi importante para os cristãos, visto a inauguração da
segunda gravadora evangélica brasileira, a CAVE (Centro Áudio-Visual
Evangélico), na cidade São Paulo-SP. No contexto geral, analisamos a inauguração
da ‘TV Tupi’ de São Paulo, pelo jornalista Assis Chateaubriand.
1951:
lançamento do primeiro LP brasileiro ‘Carnaval em long player’.
1952:
inauguração da ‘TV Paulista’.
1953:
inauguração da ‘TV Record de São Paulo’.
1955:
inauguração da ‘TV Rio de Janeiro’ e da ‘TV Itacolomi de Belo Horizonte’. Neste ano também analisamos o lançamento do primeiro LP evangélico brasileiro pelo cantor Luiz Agapito de Carvalho ou simplesmente Luiz de Carvalho (16/05/1925 - 17/11/2015 | velado na Igreja Batista Paulistana e sepultado no Cemitério Vila Euclides em São Bernardo do Campo).
"Em meados
dos anos 50, mais precisamente em 1955 o cantor e Evangelista Luiz de Carvalho
foi impulsionado a gravar, muitos irmãos gostavam de ouvi-lo e pediam a ele que
gravasse, assim nasceu sua primeira gravação para o público evangélico, junto a
necessidade da criação de uma gravadora que veio logo em seguida, surgia assim
a Boas Novas (O Disco da Família Cristã). ” (Fonte: Portal Acervo Gospel).
Ouça o álbum completo AQUI!
1957: criação da terceira gravadora evangélica, Louvores do Coração, de Jônathas de Freitas.
Capa e Contracapa do Primeiro LP Evangélico Brasileiro Luiz de Carvalho - Boas Novas - 1958 - Gravadora Califórnia |
Ouça o álbum completo AQUI!
Em
1958 apreciamos o lançamento do segundo LP de 'Luiz de
Carvalho - Boas Novas’ pela Gravadora Boas Novas, álbum este que havia sido considerado por anos como o primeiro a ser gravado, tendo no repertório ‘Toma-me
As Mãos’, ‘O Poder de Jesus’, ‘Grandioso És Tu’, ‘Para Os Montes Olharei’, ‘Confiança’,
‘Manso E Suave’, ‘Foi Na Cruz’ e ‘Jerusalém’. Sim! Luiz de Carvalho foi o
primeiro cantor a gravar o clássico ‘Grandioso És Tu'. Neste mesmo ano, a
gravadora CAVE muda-se para a cidade de Campinas-SP. Em
fevereiro de 1959, é inaugurada a gravadora Califórnia, pelo compositor Mário
Vieira, além da criação do periódico ‘Louvor Perene’. Além disso, inaugura-se a
‘TV Excelsior’ de São Paulo.
“Durante os anos
JK, a música brasileira conheceu uma inovação: a Bossa Nova. Até esse momento,
a produção musical brasileira era basicamente o samba-canção e o bolero, com
letras expressando amarguras e tristezas. No início dos anos 1950, cantores
como Johnny Alf, Dick Farney, Lucio Alves, Sylvinha Telles e Tito Madi,
influenciados pela música norte-americana, atraíram a atenção de moças e
rapazes de classe média do Rio de Janeiro. Em 1956, alguns jovens, amantes de
música, se reuniram no apartamento de Nara Leão. Entre eles Carlos Lyra,
Roberto Menescal e Renaldo Bôscoli. Vivia-se os anos JK e havia um sentimento
entre a juventude de que era preciso ser moderno e estar atualizado com as
novidades do mundo. O movimento de renovação da música brasileira ocorreu em
1958. Nesse ano, a cantora Elizeth Cardoso lançou um disco com a música ‘Chega
de saudade’, de Tom Jobim e Vinícius de Morais. Acompanhando no violão, João
Gilberto tocou com uma batida diferente. Essa maneira original de tocar samba,
com uma batida inovadora no violão, foi chamada de Bossa Nova. No ano seguinte,
João Gilberto lançou seu primeiro disco e a Bossa Nova ganhou o gosto das
classes médias brasileiras. Chegou, inclusive, a ser conhecida mundialmente.
Seduzidos pela “batida da Bossa Nova”, os jovens abandonaram o acordeão – muito
em voga na época – para aprender a tocar violão. A influência dos estilos
musicais norte-americanos, sobretudo o jazz e suas variações, era evidente, mas
foram adaptados ao ambiente cultural brasileiro. Os novos artistas reinventaram
a maneira de tocar, cantar e compor o samba. Em vez de letras repletas de
tristezas, amarguras e tragédias, estavam presentes temas como o amor, a
natureza e alegria. A parceria Tom Jobim com Vinicius de Morais produziu
músicas até hoje cantadas, como ‘Chega de saudade, ‘Se todos fossem iguais a
você’ e uma das canções mais reproduzidas no mundo: ‘Garota de Ipanema’.” (FERREIRA,
201?, pp.09-10)
Sim!
A Música Evangélica Brasileira também entrou nesta modernidade, pouco, mas
permitiu a entrada da Bossa Nova em discos, como em compactos do cantor
Silvinho (SOUSA, 2011, p.47). Mas é notório que não foi em um geral, até porque
tudo que era diferente do tradicional (músicas calmas, Salmos) era considerado
pecado, ou seja, a Bossa Nova não era vista como algo vinda de Deus e, sim,
algo mundano que jamais poderia entrar no meio evangélico, assim como a
televisão (coisa do capeta). Entre os anos 50 e 60, o único estilo “diferente”
que encontramos nos álbuns evangélicos é o seresteiro.
Nos
anos 60, temos a entrada de outros estilos no meio evangélico, como guarânia,
marcha, country e valsa (SOUSA, 2011, p.47). Em 1960, temos a inauguração das
‘TV Paranaense’, ‘TV Cultura de São Paulo’ e ‘TV Itapoá de Salvador-BH’. E em
1961 é lançado o primeiro livro sobre a história da música evangélica “Música
Sacra Evangélica no Brasil” pela Editora Kosmos, de autoria de Henriqueta Rosa
Fernandes.
Ao
contrário do que se imaginava, Sara Araújo não foi a primeira cantora
evangélica a gravar discos no Brasil, independente do formato (LP, 78 rpm). Seu
primeiro trabalho foi o compacto ‘Meu Jesus’ lançado em 1965 independentemente,
tendo seu primeiro LP sido lançado em 1969, com o nome ‘Rosa da Manhã’ pela
Gravadora Bompastor. A primeira mulher a gravar um LP em nosso país foi Edna
Harrington (LP ‘Meu Brasil’ – sem ano confirmado – entre 1961 e 1963). Segundo
Henriqueta Rosa Fernandes, seu primeiro disco (78 rpm) foi prensado em 1948
pela gravadora Atlas, ligada à Convenção Batista Brasileira, tendo alcançado na
década de 1950 popularidade semelhante ao pastor Feliciano Amaral na divulgação
em programas evangélicos de rádio (FERNANDES, 1961, p.375). Entretanto, antes
de Edna Harrington, teve Maria da Glória de Souza que lançou o primeiro disco
em 78 rpm em 1943.
Ouça o álbum completo AQUI!
Praça Edna Harrington - Homenagem à cantora.
Ouça o álbum completo AQUI!
1962:
inauguração da ‘TV Gaúcha’.
1968:
criação da gravadora Estrela da Manhã, de Matheus Iensen.
1970:
inauguração da ‘TV Gazeta de São Paulo’
19/02/1972:
televisão a cores chega ao Brasil.
1975:
inauguração da ‘Rede OM de Londrina-PR’ e ‘TVS Rio’.
1979:
inauguração da ‘TV Campinas’.
No
ano de 1987, os primeiros CDs seculares “chegam” ao Brasil. Neste mesmo ano,
cria-se a gravadora evangélica MK Publicitá (hoje MK Music), idealizada para
divulgar os discos de Marina de Oliveira. Mas com o tempo, vieram as
contratações, como Cassiane, João Marcos, Fernanda Brum, que começaram a
torná-la em uma grande gravadora. Nos anos 90, não há dúvida que quem se
sobressaiu no Mercado Fonográfico Evangélico foi esta gravadora, pelas outras
contratações, inovações na arte dos trabalhos e os famosos ‘Cantas’ (Canta Rio,
Canta Brasil). Seu último grande evento foi o Canta Zona Sul na Praia de Copacabana
no ano de 2004. Com a alta deste mercado, outras gravadoras abriram suas portas
para os cantores evangélicos, como Universal, Som Livre e Sony Music, o que fez
com que a MK deixasse de ser a principal gravadora.
No dia 27 de julho de 1989, Marina de Oliveira
apresenta-se no Canecão, sendo a primeira cantora evangélica a se apresentar
nesta casa de shows. Este evento foi o lançamento de seu terceiro álbum intitulado
‘Hinos: Canções de Luz’. Voltou a se apresentar na mesma casa de shows no dia
09 de agosto de 1993 para o lançamento de seu quinto álbum chamado ‘Onda de
amor’, show este que originou o próximo álbum, o ‘Ao vivo’, lançado em 1994,
primeiro álbum da cantora a ser lançado também em CD. Vale ressaltar as trocas
de roupas, ritmos ousados usados pela mesma em seus shows, o que fez com que
ela fosse chamada de ‘Madonna gospel’.
Em
1990, os primeiros CDs evangélicos “chegam” ao mercado. No mesmo ano, Estevam
Hernandes e Antônio Carlos Abbud criam a Gravadora Gospel Records, sendo
considerada uma das principais por trás do movimento gospel e do lançamento de
artistas do rock cristão brasileiro (como Oficina G3, Brother Simion e
Katsbarnea). Em junho de 1990 a gravadora lançou seu primeiro disco, o álbum ‘Princípio’
da banda de rock Rebanhão, na época a mais famosa da cena cristã. Em 2010, a
Gospel Records encerrou oficialmente suas atividades.
Dois
anos depois (1992), temos a criação da gravadora evangélica Line Records e
realização do primeiro evento evangélico na casa de shows Imperator (Nascer,
Viver... e Viver) pela MK Publicitá. E em 1995, os CDs invadem o mercado
mundial.
PANORAMA
GERAL – CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Ao contrário do que se possa imaginar, os
evangélicos produziram muita música de boa qualidade, seja nas letras, no vocal
ou na parte instrumental. Gravaram nos melhores estúdios da época, como por
exemplo, a RCA Victor, Odeon e Continental. Contaram com maestros e o
profissionalismo de cantores e músicos evangélicos, muitos dos quais formados
na área e professores do curso de música de escolas e universidades.” (SOUSA, 2011,
p.33)
Anos
1950:
Apesar
da existência de rock and roll e twist, as músicas eram mais suaves, vide a
postura mais conservadora, além do estilo seresteiro, quase que predominante em
todos os cantores evangélicos desta geração. Em resumo, eram músicas evangélicas
muito influenciadas pela música clássica. As gravações mais comuns são cânticos
de hinários como ‘Salmos e Hinos’ e ‘Cantor Cristão’.
Anos
1960:
Foi
a época em que os cantores começaram a gravar músicas no estilo guarânia, marcha,
country e valsa, além da presença de samba, chorinho e bossa nova, analisados
apenas em discos do cantor Silvinho. Os instrumentos mais utilizados são harpa,
órgão, piano e sanfona (ou acordeon, acordeão e gaita – dependendo da região
brasileira). Os instrumentos quase não utilizados foram bateria, guitarra,
violão e percussão.
Anos
1970:
“Mesmo
havendo diversas emissoras de TV, os evangélicos ficaram longe de sua
programação. Aliás, muitas igrejas combateram esse veículo de comunicação e até
proibiram seus membros de comprarem aparelhos ou assistirem seus programas”
(SOUSA, 2011, p.52). Porém, foi considerada a época mais diversificada,
explorando ritmos como guarânia, chorinho, sertanejo, rock, blues, jazz,
country, western, bolero, tango, valsa, marcha etc. “Em suma, foi um período
bastante fértil na música evangélica brasileira e, possivelmente, muito
rentável. Vale ressaltar que a população de evangélicos, no início desta
década, segundo o IBGE, ultrapassava três milhões de pessoas” (SOUSA, 2011, p.51).
Analisamos também o início da gravação de álbuns instrumentais e infantis, como
‘Arautos do Rei – Cantam para as crianças’ (1974).
Anos
1980:
Nesta
época, a música evangélica internacional já estava em alta. A influência é
notória. Muitos de nossos cantores fizeram suas versões de milhares de músicas
de consagrados nomes do exterior, como Sandi Patty, Amy Grant e Michael W.
Smith. Os campeões de versões são Marina de Oliveira, Cristiane Carvalho,
Cristina Mel e Grupo Prisma Brasil. Também foi uma fase rica em ritmos
nacionais, como xote, milonga, frevo, vanerão, pagode de viola, repente, coco
de roda, xaxado, ciranda, pagode, catira, bumba-meu-boi e folia de reis. Os
ritmos internacionais mais utilizados foram bolero, guarânia, valsa, rock,
country e blues.
Anos
1990:
“De
repente pareceu que as pessoas do mundo, curiosas e admiradas, descobriram que
os evangélicos eram capazes de produzir uma música interessante, moderna, contextualizada
e de boa qualidade” (SOUSA, 2011, p.133). Os anos 90 são considerados por
muitos como o Apogeu da Música Gospel Brasileira. Os ritmos mais utilizados:
axé music, black music, bossa nova, country, forró, funk carioca, instrumental,
louvor e adoração, metal, MPB, pentecostal, pop, rap, reggae, regional, rock,
sacro, samba, pagode e sertanejo.
Anos
2000:
“Comparando a
música desse período com os anteriores, não se pode afirmar categoricamente, em
termos gerais, que foi superior às demais décadas, ou que produziu avanços mais
significativos, ou até mesmo que tenha quebrado maiores barreiras. Realmente
continuamos acompanhando as tecnologias de gravação e divulgação, mas por outro
lado parece que regredimos em relação à qualidade das letras, variedade de
ritmos e aspectos culturais.” (SOUSA, 2011, p.262)
-
Alta projeção na mídia.
-
A dita ‘música comercial’ chegou ao meio gospel.
-
Há o esquecimento das outras décadas, privilegiando apenas o presente.
-
Fase em que a expressão ‘ministério de louvor e adoração’ tornou-se sinônimo de
vendas.
-
Música evangelística em baixa.
-
Crescimento na gravação de álbuns Ao Vivo.
-
Ritmos mais utilizados: axé music, Black music, country, forró, funk carioca,
louvor e adoração, metal, MPB, pentecostal, pop, rap, reggae, regional, rock,
sacro, samba, pagode e sertanejo.
BIBLIOGRAFIA
AMARAL,
Daniel. Música e Teologia: a música evangélica brasileira. Origem, apogeu e
futuro. Fonte Editorial, São Paulo: 2012.
GOMES,
Laurentino. 1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte
corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil.
Editora Planeta, São Paulo: 2007.
FERNANDES,
H.R. Música Sacra Evangélica no Brasil. Editora Kosmos. 1961.
FERREIRA,
Jorge. República Liberal-Democrática (1945-1964). Rio de Janeiro, 201?.
MICELI,
Paulo. História Moderna. Editora Contexto, São Paulo: 2013.
MELLO,
Laura. O diabo e a terra de Santa Cruz. Companhia das Letras, São Paulo:1986.
SOUSA,
Salvador. História da Música Evangélica no Brasil. Editora Ágape, São Paulo:
2011
WEHLING,
Arno; WEHLING, Maria José. Formação do Brasil Colonial. Editora Nova Fronteira,
São Paulo.
SITES
http://www.dicionariodoaurelio.com/
http://www.acervogospeled.blogspot.com.br/
http://www.acervogospeled.blogspot.com.br/
FONTE DAS FOTOS UTILIZADAS
- Foto 01:
- Foto 02:
- Foto ‘Monstros Marinhos’:
Fonte: http://www.profalexandregangorra.blogspot.com.br/2013/10/monstros-marinhos-cartografia-tematica.html
- Retrato de Hans Staden feito por H. J. Winkelmann,
em 1664.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Staden
Foto: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a6/Hans_Staden.jpg/188px-Hans_Staden.jpg
- João Calvino
- Escultura que representa o Primeiro Culto.
- Santo Ofício da Inquisição
- Tratado de Aliança e Amizade e Comércio e Navegação
Foto: http://img.obichinhodosaber.com/wp-content/uploads/2014/08/tratado-de-alian%C3%A7a-e-amizade.png
- Presbítero Friedrich Oswald Sauerbronn.
- Ashbel Green Simonton
- A Imprensa Evangélica I
- A Imprensa Evangélica II
- A Imprensa Evangélica III
- A Imprensa Evangélica IV
- Zacarias Clay Taylor
- A História do Natal
- Luiz de Carvalho
- Louvores do Coração
- Livro ‘Música Sacra Evangélica no Brasil’
- Edna Harrington
- Estrela da Manhã
- Arautos do Rei – Cantam para as Crianças
[1] As
Cruzadas foram guerras entre católicos e muçulmanos (árabes/turco-otomanos)
durante a Idade Média (ou Medieval) com o intuito de libertar os quatro reino
latinos (Condado de Edessa, Principado de Antioquia, Reino Latino de Jerusalém)
dos chamados ‘hereges’.
[2] “Tomé
de Souza foi político português, militar e primeiro governador-geral do Brasil.
Foi enviado ao Brasil pela corte portuguesa em março de 1549. Sua missão era
estabelecer um novo sistema de administração política no Brasil: o
governo-geral. Atuou também no combate aos indígenas rebeldes e na defesa
militar do litoral brasileiro. A expedição chefiada por Tomé de Souza, que
chegou à Bahia em 1549, contava com cerca de mil homens.” (Portal Sua Pesquisa)
*****
Autor do Artigo: Raphael Paiva
(Criador do Blog | Professor de História e Inglês | Responsável pela correção Ortográfica)
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