REVOLTAS NATIVISTAS
- Tem esse nome por causa da sensação de pertencimento
à área, pertencimento da região.
|1641: ACLAMAÇÃO DE AMADOR BUENO
- Local: Vila de São Paulo;
- Tem-se um sentimento de pertencimento regional e não
nacional;
- Portugal está sendo dominada pela Espanha: União
Ibérica (Portugal ficou sem rei e o parente mais próximo era o rei espanhol.
Logo, o rei da Espanha manda na Espanha e em Portugal e sobrepõe os interesses
de seu país sobre Portugal);
- Portugal cada vez mais endividada;
- 1640: Portugal se liberta da Espanha, porém está
endividada;
- Portugal decidi extrair as riquezas do Brasil;
- Preocupação com a volta de Portugal: maior
dificuldade em escravizar os índios e maior dificuldade de fazer comércio com
os colonos espanhóis que ficavam na região do Prata (hoje Argentina);
- Elegem Amador Bueno como Capitão-Mor, o Ouvidor,
irmão de Bandeirante;
- Amador não aceita, o pessoal fico chateado, a ponto
de ele ter que se esconder no Mosteiro de São Bento;
- No final o rei o perdoou, visto que ele não tinha nada
a ver com a história.
|1660-1661: REVOLTA DA CACHAÇA
- Local: Rio de Janeiro
- 1640: Portugal estava conseguindo ficar independente
da Espanha e vem para o Brasil explorar;
- 1647-1649: Portugal quer fazer uma lei que só
escravos vão poder tomar cachaça e o pessoal de Pernambuco. Por quê? Portugal
estava vendendo vinho para o Brasil e não queria a concorrência da cachaça.
Portugal tenta tirar a cachaça da mesa do brasileiro, mas não consegue;
- 1654: Holanda é expulsa do Brasil, fabrica seu
próprio açúcar nas Antilhas e faz o do Brasil cair. Porém, a cana serve para
produzir açúcar e cachaça. Logo, quando cai a venda de açúcar, começa a de cachaça.
Portugal não curte a ideia;
- 1659: Portugal taca fogo na alambiques (fábricas de
fazer cachaça);
- 1660: o governador Salvador Corrêa de Sá diz que vai
aumentar os impostos, mas que ia liberar cachaça. Porém ele fez sem a
autorização do rei, e ele não tinha autonomia. No dia 30/01 a Companhia de
Comércio de Portugal disse que ia fazer uma intimação visto que não podia. Mas
o governador não queria parar;
- Moradores da região de São Gonçalo do Amarante
organizaram um motim liderados por Jerônimo Barbalho (fazendeiro), dando início
à revolução.
- 112 Senhores de Engenho vão se organizar para ir
contra o governador do Rio de Janeiro. Eles queriam depor essa tarifa que não
existia. Eles pegaram barcos e tocaram sinos para chamar a atenção. Organizaram
uma pequena tropa;
- O Governador pede ajuda a Portugal;
- Portugal recusa;
- Portugal revoga os impostos e sobre a cachaça...
pode produzir, mas não pode consumir;
- Começa o contrabando de cachaça;
- 1695: Portugal libera o consumo da cachaça.
|1666: CONJURAÇÃO DE NOSSO PAI/REVOLTA DE NOSSO PAI
- Local: Pernambuco
- Portugal está aumentando os impostos, visto o endividamento
oriundo da crise do açúcar;
- População está ‘bolada’;
- Pernambuco está em crise e a população está vendo
que Portugal está tirando proveito, tem vantagens;
- O governador da época – Jerônimo Mendonça – era mal
visto por todos: aumenta imposto, maltrata escravo. Recebe o apelido de
‘xumbergas’;
- Eg.: Teve uma vez que ele disponibilizou um albergue
aos franceses. “Por que ele faz isso com os franceses e por nós não?” –
População ‘bolada’;
- Tinha um feriado de “Nosso Pai” onde as pessoas se reuniam
em um cortejo onde as pessoas passavam e tentavam ajudar os enfermos, faziam
orações. A elite se organiza;
- Na saída do cortejo do convento, pegam o governador
e levam para o Forte do Brum;
- Depois de ficar um tempo na prisão, o governador é
deportado para Portugal;
- O governador para as Índias;
- É colocado um novo governador em Pernambuco – André
Vidal de Negreiros – que ficou tempo suficiente para acalmar a elite.
|1684-1685: REVOLTA DE BECKMAN
- Local: Maranhão
- 1621-1750 (Pombal): era um estado que ficava
separado administrativamente (Grão-Pará e Maranhão). Ou seja, não tinha um
sentimento de pertencimento ao Brasil;
- Desde 1640 a vida estava mais difícil;
- Por volta de 1680, os portugueses chegam e ordenam
que eles só comprem alimentos de uma empresa e se põe contra a escravidão
indígena, só podendo arrecadar escravo africano;
- Esta empresa ficava no dever de trazer 500 escravos
por ano, o que não fazia, ficando cada escravo mais caro;
- Notoriamente, era uma maneiro deles lucrarem mais;
- Empresa: Companhia de Comércio do Maranhão (1682)
- Tudo que o maranhense fazia, deveria passar por esta
empresa;
- A vida do maranhense ficou mais cara, tendo gente
que não conseguiu se alimentar mais;
- Vale ressaltar que ‘a vida mais cara’ ficou para a
sociedade “normal” e para os ricos;
- Logo, há uma revolta por parte de todos;
- 1684: Incentivados pelos Irmãos Beckman (Tomás e
Manuel), revoltosos (aproximadamente 60) invadem a Companhia de Comércio do
Maranhão, tomam o Corpo da Guarda (um Oficial e 5 guardas), prendem os jesuítas
- 1685: Em fevereiro, os mesmos revoltosos formam a
Junta Revolucionária com um único objetivo: o fim da Companhia de Comércio do
Maranhão; Portugal convoca Tomás, mas na volta para o Brasil, o prendem;
- Portugal envia um novo Governador para o Estado do
Maranhão, Gomes Freire de Andrade, que, ao desembarcar em São Luís, não
encontrou resistência, até porque Manuel preferia a vida de seu irmão que
estava preso;
- Os mais comprometidos com a revolta deliberaram pela
fuga, enquanto Beckman permaneceu;
- Gomes Freire, então, restabeleceu as autoridades
depostas, ordenando a detenção e o julgamento dos envolvidos no movimento,
assim como o confisco de suas propriedades. Expediu ordem de prisão contra
Manuel Beckman, que fugira, oferecendo por sua captura o cargo de Capitão dos
Ordenanças. Lázaro de Melo, afilhado e protegido de Manuel, trai o padrinho e
entrega-o preso, obtendo a cobiçada recompensa. Entretanto, empossado, os seus
comandados repudiaram-lhe o gesto vil, recusando-se a obedecer-lhe as ordens.
Queixando-se disto ao governador, afirma-se que Gomes Freire teria lhe
respondido que prometera o cargo, não o respeito dos comandados.
- Apontados como líderes, Manuel Beckman e Jorge de
Sampaio receberam como sentença a morte pela forca. Os demais envolvidos foram
condenados à prisão perpétua. Manuel Beckman e Jorge Sampaio foram enforcados a
2 de novembro de 1685 (10 de novembro, segundo outras fontes). A última
declaração de Manuel foi: "Morro feliz pelo povo do Maranhão!". Tendo
os seus bens ido a hasta pública, Gomes Freire arrematou-os todos e devolveu-os
à viúva e filhas do revoltoso.
|1708-1709: GUERRA DOS EMBOABAS/REVOLTA DOS EMBOABAS
|O que foi?
- São Paulo X quem não era de São Paulo;
- São Paulo descobre ouro em Minas Gerais;
- São Paulo se achava no direito de dizer que era tudo
dele, descartando indígenas e pessoas de outras regiões;
- Paulistas chamavam pessoas de outras regiões de
‘emboabas’, que significa ‘forasteiro’, ‘aqueles que fazem o mal’, ‘aqueles que
têm os pés emplumados’. Quando pessoas de outras regiões chegavam com botas
(pessoas de São Paulo não usavam botas), eles pensavam: ‘Olha os emboabas!’.
Por isso Guerra dos Emboabas;
- Forasteiros contra Forasteiros.
|Por que estudar Guerra dos Emboabas?
- Ideia de o Brasil é um país da paz não condiz com os
documentos históricos;
- Relação de poder, quem ganha e quem perde. Quem
ganha a maioria das revoltas deste período são as tropas de Portugal ou as
tropas brasileiras que têm apoio de Portugal.
|Contexto
- 1707-1709: Brasil colônia, começando a descobrir
ouro. Paulistas chegaram primeiro e entendiam que os que chegavam depois eram
forasteiros. Para os forasteiros, os paulistas eram bandoleiros sem lei;
- Interiorização do território;
- Aumento populacional;
- Integração regional: as pessoas não precisam ficar
olhando só para Portugal, ou seja, começa a ocorrer trocas regionais (CICLO DO
OURO).
|Objetivo
- Pegar ouro.
- Os paulistas lutaram pela exclusividade das terras.
|Pessoal
- São Paulo: Jerônimo Pedroso e Manuel de Borba Gato
- Bahia: Manuel Nunes Viana (comerciante)
- Portugal: soldados, reis, deputados... Bento Continho
(carrasco dos paulistas)
|Guerra
- Se achar índios, escraviza; se achar ouro, explora;
- Portugal dá a concessão de uso e venda das terras
para a Bahia;
- Aumento dos valores dos produtos;
- 1708: paulistas abandonaram as armas; 2/3 já estão
nas mãos dos emboabas; paulistas vão para outras regiões (Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul);
- A Traição do Capão: os paulistas já estavam em
processo de retirada, mas planejam fazer uma armadilha contra os emboabas em um
capão. Porém, os emboabas vencem a armadilha e depois de dois dias de luta,
eles cercam os paulistas. Os paulistas têm que desistir e falam com general
Bento Coutinho que renunciavam é apenas pediram para saírem. O General “aceita”
o pedido e os deixa ir. Quando os paulistas estão desarmados, prontos para se
retirarem do local, os emboabas os pegam (umas 300 pessoas) e os matam.
|Final
- Portugal dividiu as regiões para cada um ter seu
direito de extrair o ouro.
|1710: REVOLTA DO SAL
- Local: São Paulo
- Só tinha um fornecedor de sal (Instituição do
Monopólio do Sal, criado em 1631 por Portugal) e este tinha que abastecer
todos;
- Os compradores internos saíam prejudicados com este
monopólio da venda de sal, visto que o preço sofria constantes mudanças e o
produto não era encontrado facilmente;
- Havia um fazendeiro (Bartolomeu Fernandes de Faria)
em Jacareí (São Paulo) que tinha eu alimentar muita gente; precisava demais do
sal; há uma crise onde o único fornecedor parou de fornecer o sal por motivos
particulares;
- O Fazendeiro esperou o governador de toda a
capitania ir para as Minas Gerais buscar ouro. O Fazendeiro reuniu todos que
trabalhavam para ele organiza a revolta. Os revoltosos vão a Santos e invadem o
depósito onde acham sal. Eles pegam o sal, mas deixam o dinheiro equivalente.
Eles picotam a ponte que liga o porto de Santos ao continente para atrapalha a
Polícia. Chegam à fazenda;
- Em abril de 1711, D. João V envia uma carta ao juiz
Antônio de Cunha Souto Maior ordenando a prisão de Bartolomeu;
- 1719: Bartolomeu morre de varíola no caminho para a
prisão.
|1710-1711: GUERRA DOS MASCATES
- Local: Pernambuco
- Mascates X Fazendeiros
Grupo 01: Mascates
- Comerciantes
- Apelido pejorativo dado pelos aristocratas
- Local: Recife (Agrupamento, que depois vira Vila)
- Os mais ricos eram os portugueses
Grupo 02: Fazendeiros/Aristocratas
- Donos de terras
- Local: Olinda (Vila)
- Percebem que a cada ano possuem menos dinheiro
(consequência da crise açucareira)
- Quando eles não têm dinheiro, eles compram escravos
com empréstimos dados pelos comerciantes
- Chega a um momento que não conseguem pagar os juros
- Algumas vezes pode ocorrer de que, não quitando a
dívida, penhorarem a fazenda
Obs.: ser Vila quer dizer que tinha Organização
Administrativa, tinha Câmara Municipal, as pessoas se organizavam
politicamente.
- Esta briga também foi regional. Recife pressiona o
governo pela sua elevação a condição de Vila para sair do julgo de Olinda.
Olinda, por sua vez, era contra a separação, pois perderia a arrecadação
tributária. Em fevereiro de 1711 Recife passa a ser Vila, recebe uma Câmara
Municipal, recebe investimentos. Os aristocratas já estavam ‘bolados’ por estar
devendo. A partir do momento que Recife se torna Vila, fica difícil fazer
pressão, porque agora eles podem se defender, visto que têm Câmara Municipal.
- Resumo: Mascates são os pobres que estão crescendo a
ponto de Recife se transformar em Vila. E os fazendeiros são os ricos que
começam a dever aos mascates.
- A Carta Régia que deu autonomia a Recife foi o
estopim da revolta;
- Os fazendeiros se reúnem (ex.: Bernardo Vieira e
Leonardo Bezerra) para organizar a invasão a Recife; incendeiam, soltam os
presos e até o governador foge para a Bahia;
- Em 1711 os mascates vão a Olinda e incendeiam
plantações. Vem um novo governador, Felix, pega sua tropa e pressiona os
fazendeiros, prendendo Bernardo Vieira. Este é levado a Portugal, que morre
asfixiado por causa da fumaça de uma fogueira que ele mesmo fez em sua sela;
- O novo governador transfere semestralmente a
administração para cada uma das cidades. Assim, não há motivos para que uma
fosse politicamente favorecida. Dessa maneira, Recife foi equiparada a Olinda,
terminando a Guerra dos Mascates;
- 1714: D. João V anistia todos os envolvidos na
revolta, mantem as prerrogativas político-administrativas de Recife e a promove
a capital de Pernambuco.
|1711: MOTINS DO MANETA
- Local: Salvador
- 19/10/1711 - primeiro motim
- 02/12/1711 - segundo motim.
- Estamos em um contexto no qual Portugal vem a hora
que quer, explora o ouro, escraviza o negro e o índio.
- Temos um país antigo, de Vilas, cuja capital é Salvador
e temos duas cidades em crescimento: Minas Gerais e Rio de Janeiro.
- Na Europa temos guerras.
--- 16/08/1710: França decide atacar Portugal pela sua
colônia (Brasil) levando 1000 homens o Rio de Janeiro. Foram cinco naus sob o
comando de Jean-François Duclerc. Para não serem descobertos, eles colocam em
seus navios bandeiras da Inglaterra, visto que Portugal tinha negócios com este
país. Os franceses descem em Ilha Grande, partindo para o ataque. Quando se
descobre que são franceses, o governador Francisco de Castro Morais consegue
vencê-los.
--- Obs.: o líder dos franceses é morto em 18/03/1711.
Não se sabe o (s) motivo (s).
--- Segunda Tentativa (Setembro de 1711): os franceses
decidiram voltar ao Rio de Janeiro, mas desta vez com 17 embarcações, 4 mil
homens e 700 canhões, sob liderança de almirante René Duguay-Trouin. O
governador do Rio de Janeiro tem que abaixar a cabeça e ceder. Eles pedem
610.000 cruzados em dinheiro, 100 caixas de sal e 200 bois.
- D. João V, sabendo do episódio com os franceses,
decidi investir em segurança. Com qual dinheiro? Ele aumenta os impostos e
taxas:
--- Sal: de 480 réis para 720 réis;
--- O imposto devido
por cada escravo vindo da África havia sido elevado de 3 para 6 cruzados;
--- Foi com esse excessivo aumento nas cobranças de
impostos que foi decretada uma taxa de dez por cento sobre as mercadorias
exportadas pela Colônia, destinadas à proteção costeira.
--- Estas taxas foram anunciadas em outubro de 1711
pelo novo Governador-geral do Estado do Brasil, Pedro de Vasconcelos de Sousa,
que acabava de chegar à capital colonial, Salvador.
- Os colonos ficam ‘bolados’.
- O PRIMEIRO MOTIM [19/10/1711]
--- Em Salvador, João de Figueiredo da Costa (Maneta)
e Lourenço de Almada (Juiz do Povo) foram os responsáveis por liderar os
revoltosos.
--- Começaram com a distribuição de cartazes pela
cidade;
--- Estando os revoltosos unidos, invadiram o comércio
de Manuel Dias Figueiras, que, com seus sócios, detinha o monopólio da venda de
sal.
--- Houve saque e depredação, marchando os populares,
já com apoio de guarnições militares, rumo ao Palácio do Governador - sendo
contidos apenas com a intervenção do arcebispo D. Sebastião Monteiro de Vide.
--- O governador, intimidado com a reação, prontamente
desistiu de aplicar as sobretaxas, e os líderes do tumulto não foram punidos.
- O SEGUNDO MOTIM [02/12/1711]
--- Com a invasão e tomada da cidade do Rio de
Janeiro, pelos franceses (Setembro/1711), o temor invadiu o povo na capital.
--- Providências eram exigidas pela população, mas o Governador-geral
do Estado do Brasil, Pedro de Vasconcelos de Sousa, alegava que, não tendo recursos,
nada poderia fazer.
--- Tendo à frente Domingos da Costa Guimarães,
Domingos Gomes e Luís Chafet, o povo marchou até o governador que, acuado,
enviou tropas ao Rio, encontrando a cidade restabelecida com o pagamento de
resgate a René Duguay-Trouin.
--- O almirante francês já havia partido e, apesar de
tencionar realmente o ataque à Capital, o mau tempo e naufrágio de duas das
embarcações nos Açores deslocaram-no de tal empresa, seguindo então para
Caiena.
--- O desvio dos franceses fez apaziguarem os ânimos
da população e o governador, que enfrentara duas revoltas mal tendo assumido
suas funções, procedeu ao castigo dos cabeças dessa última insurreição: foram
açoitados em praça pública, e ainda pagaram multas e sofreram o degredo
africano.
|1720: REVOLTA DE FILIPE DOS SANTOS/REVOLTA DE VILA
RICA
- Um dos líderes é português.
- Data: entre 28 junho e 19 de julho de 1720
- Local: na então Vila Rica (Ouro Preto), cidade da
Real Capitania das Minas de Ouro e dos Campos Gerais dos Cataguases, na Colônia
do Brasil, pertencente a Portugal.
- 1720: temos uma Minas Gerais na qual pessoas querem
ir, pessoas querem explorar, pessoas querem ir para pegar ouro.
- A produção das minas crescia, ao passo que os
tributos enviados à Corte permaneciam estagnados. Em Portugal cobrava-se uma
explicação; esta residia no contrabando, que enorme prejuízo causava à fazenda
real. (Pedro Calmon)
- A Coroa Portuguesa se questiona como retirar ouro do
interior. Há duas hipóteses:
I. Fiscalismo/Monopólio: fazer algumas empresas com o
monopólio dos produtos. Assim, Portugal poderia controlar melhor a colônia.
II. Implantar as Casas de Fundição: local onde as
pessoas levavam o ouro achado, o ouro era fundido e transformado em barras com
o carimbo da Coroa Portuguesa. Isto ajudaria a fiscalização de Portugal. Com
as Casas de Fundição, ficava proibida a circulação de ouro em pó – devendo todo
o minério ser fundido em uma das instituições a serem criadas em Vila Rica,
Sabará, São João del-Rei e em Vila do Príncipe – lugar em que seria pago o
quinto. Por esta forma, sairia, dali, o chamado "ouro quintado", o
único que poderia circular livremente – ou seja, que seria marcado com o sinete
da Coroa, e sobre o qual teria sido pago tributo.
A situação
anterior vigente, que as Câmaras de Vereadores aceitavam, era a de uma soma
certa e fixa a ser paga ao final de cada ano. O então governador, dom Brás
Baltasar da Silveira, insistira em impor o chamado imposto sobre as bateias,
que consistia no pagamento por cada minerador de 12 oitavas de ouro (cada
oitava equivale a 3,5859 gramas). As Câmaras propuseram que pagariam o tributo
nas saídas, com a condição de que o ouro circulasse livremente. Ocorre uma
insurreição, que resultou no pagamento pelas Câmaras do pagamento fixo de 30
arrobas; que, entretanto, continuavam a não atender aos anseios da Coroa (Calmon,
Pedro). A esta taxa fixa de pagamento, era dado o nome de "finta" (Maior,
A. Souto). Essas ordens resultaram na revolta de Pitangui, e deixaram a região
em constante estado de descontentamento e de iminente sublevação (Aquino, Rubim
Santos Leão de).
- Antecedentes
--- Contra aquele estado de coisas, o rei dom João V
nomeou dom Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, Conde de Assumar,
como governador. Sua função incluía aplicar, nas Minas, três disposições que
contrariavam os interesses locais:
I. Anunciar a instalação, na capitania, de um bispado,
objetivando a moralização do clero, que, ali, vivia dissolutamente, praticando
desde delitos a desrespeito do celibato, além de envolver-se no tráfico do
ouro.
II. Aplicação da Carta Régia de 25 de abril de 1720,
onde se extinguiam funções, aumentava-se o poder do governador e, ainda,
trazia, para as Minas, um contingente de Dragões; e
III. Imposição do cumprimento da Carta de 1728, que
criava as casas de fundição, e que já causara tumultos.
--- O envio dos soldados era uma precaução contra a
exorbitante cobrança imposta, antecipando a Coroa que haveria resistência. O
Conde de Assumar já havia despertado a antipatia entre os mineiros e, quando os
primeiros militares chegaram em Ribeirão do Carmo, Domingos Rodrigues do Prado
liderava, em Pitangui, uma agitação contra o governador.
--- O transtorno que as casas de fundição iriam
provocar (forçando o deslocamento até elas, despesas com burocracia,
hospedagem, demoras etc.) era mais uma dificuldade que o povo não estava
disposto a tolerar. Além de Pitangui, outros povoados se agitavam, e os dragões
usam da repressão violenta, mas a crise se espalhara: estava acesa a chama que
eclodiria na Revolta de Filipe dos Santos.
- Algumas pessoas começam a se mobilizar contra as
Casas de Fundição.
- Filipe dos Santos Freire começa a conversar com as
pessoas e conhece Pascoal da Silva Guimarães, o mais rico de Vila Rica, o
mestre de campo, que devia ao governo 30 arrobas de ouro. Achou a pessoa certa!
- Outras pessoas: Manuel Mosqueira Rosa, Manuel Nunes Viana
(líder dos emboabas – incitava o povo contra a quintagem do ouro).
- A Coroa começa a trazer pessoas para proteger as
casas. Essas pessoas eram os militares, tropa, batalhão (chamados de Dragão).
- Os revoltosos decidiram que iriam na Noite de São
Pedro na frente da Ouvidoria e iriam gritar ‘Viva o povo!’ para intimidar o
Ouvidor Martinho Vieira.
- Três dias antes de eclodir o movimento, o filho de
Pascoal – João da Silva – escrevera uma carta a Assumar, denunciando a
conspiração, mas a única providência então tomada foi a de levar o fato ao
conhecimento do Ouvidor.
E foi na noite de
São Pedro, quando as fogueiras e espocar de fogos típica da festa ajudariam a
ocultar suas movimentações, que por volta das onze horas da noite os
conspiradores, mascarados, desceram das matas de Ouro Podre, onde possuía
Pascoal Guimarães suas lavras e haviam adrede se reunido, tomando as ruas de Vila
Rica rumo à casa do Ouvidor aos gritos de "Viva o povo!" – mas
Martinho Vieira já tinha se evadido. Dirigiram-se, então, os revoltosos ao
prédio da Câmara, quando Filipe dos Santos assume o comando dos acontecimentos,
através da oratória. Os sediciosos, no Paço, elaboram um memorial ao
Governador, então ainda em seu palácio em Ribeirão do Carmo. A redação coube ao
letrado José Peixoto da Silva, e nela constavam as reivindicações dos mineiros:
I. Redução de
vários tributos;
II. Diminuição das
custas processuais;
III. Abolição dos
monopólios comerciais do gado, fumo, aguardente e sal; e
IV. Fim das casas
de fundição.
Não deporiam as
armas, até terem atendidas todos os pleitos. Filipe dos Santos envia ao próprio
José Peixoto como seu emissário ao Governador.
- José Peixoto dirige-se a Ribeirão do Carmo (cidade
de Mariana), levando ao Conde o documento dos sediciosos. Vai a galope,
gritando por todo o caminho: “As Gerais estão levantadas!”
- Conseguem uma reunião com o Conde de Assumar
(responsável pelo processo de Fiscalismo).
O
Conde, então, compreendeu que a situação chegara ao limite extremo e procurou
ganhar tempo. Respondendo que faria as concessões, condicionou entretanto que a
ordem fosse refeita. Comprometeu-se também a convocar uma Junta Geral para
deslindar as questões todas – mas a manobra não foi aceita pelos rebelados. No
dia 2 de julho os revoltados partem todos até onde estava o Conde, a passos
largos e clamando que o povo tinha de ser atendido. O conde, entretanto, sem
prever o desenrolar dos fatos, procurou fortificar-se em sua residência,
aquartelando ali os soldados, pois achara prudente não se afastar dali. Pedira reforços
ao Rio de Janeiro e, de imediato, ao saber que a multidão partira de Vila Rica,
enviou um dos seus tenentes e a Câmara da Vila do Carmo para recebê-la à
entrada da cidade.
A turba
entra pacificamente na Vila, postando-se na praça diante do palácio do
Governador onde, numa das janelas, Assumar fala a todos de modo conciliador e,
para decepção dos líderes, é aclamado pela multidão. Novamente é enviado José
Peixoto que, na sala de audiências, volta a apresentar as reivindicações por
escrito, às quais se somaram o perdão geral, em nome do Rei e outros pedidos
menores. A cada item, respondia o Conde: "deferido como pedem".
Peixoto,
então, numa das janelas do Paço, anuncia ao povo o alvará concedendo-lhes todos
os pleitos, e novamente a multidão explode em aclamação, fazendo-os voltar de
onde tinham saído com a convicção de que eram vitoriosos. Imaginando-se livres
das interferências da Coroa, das exações e prerrogativas impostas, partiram
triunfalmente em retorno. O Governador, entretanto, agira por astúcia, jamais
tencionando cumprir qualquer um daqueles compromissos.
- Após dois dias, Conde de Assumar envia 1.500 homens
para tomar conta da cidade, tacam fogo nas casas dos líderes da revolta,
prendem Filipe dos Santos e depois o enforcam, e prendem outros líderes.
Tão
logo voltaram para suas casas os rebelados, Assumar cuida de organizar sua
represália, fazendo reunir os Dragões e também os ricos da cidade, não afeitos
aos de Vila Rica, para que pegassem em armas e fornecessem escravos para
reforço das tropas, que então chegaram a 1500 homens. Ordenou o Conde aos Dragões
que prendessem os cabeças do movimento: Pascoal da Silva, Manuel Mosqueira da
Rosa, Sebastião da Veiga Cabral e alguns frades.
Antes
que a Vila reagisse contra a prisão dos líderes, Assumar penetrou na cidade com
todo o seu contingente, surpreendendo-a, a 16 de julho. Filipe dos Santos
pregava a revolta diante das portas da igreja de Cachoeira do Campo, quando foi
aprisionado e, em Sabará, foi capturado Tomé Afonso Pereira que ali conclamava
a reação. Ludibriados, os partidários do levante ainda tentaram alguma
represália, mas nada adiantou, com a chegada das tropas de Assumar, lideradas
pelo sargento-mor Manuel Gomes da Silva.
O Conde
então agiu com vingança e violência, mandando incendiar as casas dos rebelados,
o incêndio alastrando-se e destruindo ruas inteiras do arraial que hoje leva o
nome de "Morro da Queimada", que era onde ficava a residência de
Pascoal da Silva. Outras ruas também foram consumidas pelo fogo.
Filipe
dos Santos, tido por principal líder, foi julgado sumariamente.
- A morte de Filipe dos Santos
Algumas controvérsias existiam sobre como teria sido a
execução do líder Filipe dos Santos. Clóvis Moura diz que não há consenso
acerca de como lhe foi aplicada a pena capital: se enforcado e depois
esquartejado, ou atado em quatro cavalos que, incitados, lhe estraçalharam o
corpo. Diogo de Vasconcelos, entretanto, que é usado como principal fonte por
Clóvis Moura, tratou esta última versão como um mito:
“Muitos em acordo com a lenda creem que o ataram de
braços e pernas a quatro cavalos, e estes o despedaçaram espantados pelas ruas
o que daria ao caso o rubor ao menos das crueldades clássicas. A verdade,
porém, é outra talvez mais repulsiva: o enforcaram, e depois o ataram à cauda
de um cavalo, e assim feito em pedaços.” (Diogo de Vasconcelos)
Outros autores, como Carlos Mota, consignam apenas que
foi enforcado e esquartejado, o mesmo ocorrendo com Souto Maior. Pedro Calmon
faz a seguinte descrição, sem ser específico:
“Preso, Filipe dos Santos foi enforcado, a 15 de julho
de 1720. Proferiu no cadafalso, esta frase: "Jurei morrer pela liberdade,
cumpro a minha palavra". O cadáver do rebelde foi esquartejado...” (Pedro
Calmon)
Mota, contudo, complementa que, após o
esquartejamento, teve a cabeça decepada pendurada num poste, e as outras partes
de seu corpo expostas ao longo das estradas.
- As Casas de Fundição foram inauguradas em 1725.
- Após isso, a Capitania de São Paulo e Minas Gerais,
que eram juntas, foram separadas. O governo resolveu separar, resolveu emancipar
a Capitania de Minas Gerais.
- No movimento falou-se em República, o que faz com
que a revolta seja considerada uma precursora da Conjuração Mineira de 1789.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANASTASIA, Carla Maria Junho (1998). Vassalos
Rebeldes: Violência Coletiva Nas Minas Na Primeira Metade Do Século XVIII. BH:
Editora C/Arte. 200 páginas
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Canal 'Se Liga Nessa História'
FONTE DAS FOTOS:
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FARAÓ DJOSER E ARQUITETO IHMOTEP: DE UM PROTÓTIPO DE PIRÂMIDE AO ESTÍMULO DE UMAEXAGERADA AMBIÇÃO
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