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terça-feira, 24 de março de 2020

Revoltas Nativistas [RESUMO EM TÓPICOS]

REVOLTAS NATIVISTAS

- Tem esse nome por causa da sensação de pertencimento à área, pertencimento da região.

|1641: ACLAMAÇÃO DE AMADOR BUENO

- Local: Vila de São Paulo;
- Tem-se um sentimento de pertencimento regional e não nacional;
- Portugal está sendo dominada pela Espanha: União Ibérica (Portugal ficou sem rei e o parente mais próximo era o rei espanhol. Logo, o rei da Espanha manda na Espanha e em Portugal e sobrepõe os interesses de seu país sobre Portugal);
- Portugal cada vez mais endividada;
- 1640: Portugal se liberta da Espanha, porém está endividada;
- Portugal decidi extrair as riquezas do Brasil;
- Preocupação com a volta de Portugal: maior dificuldade em escravizar os índios e maior dificuldade de fazer comércio com os colonos espanhóis que ficavam na região do Prata (hoje Argentina);
- Elegem Amador Bueno como Capitão-Mor, o Ouvidor, irmão de Bandeirante;
- Amador não aceita, o pessoal fico chateado, a ponto de ele ter que se esconder no Mosteiro de São Bento;
- No final o rei o perdoou, visto que ele não tinha nada a ver com a história.

|1660-1661: REVOLTA DA CACHAÇA
- Local: Rio de Janeiro
- 1640: Portugal estava conseguindo ficar independente da Espanha e vem para o Brasil explorar;
- 1647-1649: Portugal quer fazer uma lei que só escravos vão poder tomar cachaça e o pessoal de Pernambuco. Por quê? Portugal estava vendendo vinho para o Brasil e não queria a concorrência da cachaça. Portugal tenta tirar a cachaça da mesa do brasileiro, mas não consegue;
- 1654: Holanda é expulsa do Brasil, fabrica seu próprio açúcar nas Antilhas e faz o do Brasil cair. Porém, a cana serve para produzir açúcar e cachaça. Logo, quando cai a venda de açúcar, começa a de cachaça. Portugal não curte a ideia;
- 1659: Portugal taca fogo na alambiques (fábricas de fazer cachaça);
- 1660: o governador Salvador Corrêa de Sá diz que vai aumentar os impostos, mas que ia liberar cachaça. Porém ele fez sem a autorização do rei, e ele não tinha autonomia. No dia 30/01 a Companhia de Comércio de Portugal disse que ia fazer uma intimação visto que não podia. Mas o governador não queria parar;
- Moradores da região de São Gonçalo do Amarante organizaram um motim liderados por Jerônimo Barbalho (fazendeiro), dando início à revolução.
- 112 Senhores de Engenho vão se organizar para ir contra o governador do Rio de Janeiro. Eles queriam depor essa tarifa que não existia. Eles pegaram barcos e tocaram sinos para chamar a atenção. Organizaram uma pequena tropa;
- O Governador pede ajuda a Portugal;
- Portugal recusa;
- Portugal revoga os impostos e sobre a cachaça... pode produzir, mas não pode consumir;
- Começa o contrabando de cachaça;
- 1695: Portugal libera o consumo da cachaça.

|1666: CONJURAÇÃO DE NOSSO PAI/REVOLTA DE NOSSO PAI
- Local: Pernambuco
- Portugal está aumentando os impostos, visto o endividamento oriundo da crise do açúcar;
- População está ‘bolada’;
- Pernambuco está em crise e a população está vendo que Portugal está tirando proveito, tem vantagens;
- O governador da época – Jerônimo Mendonça – era mal visto por todos: aumenta imposto, maltrata escravo. Recebe o apelido de ‘xumbergas’;
- Eg.: Teve uma vez que ele disponibilizou um albergue aos franceses. “Por que ele faz isso com os franceses e por nós não?” – População ‘bolada’;
- Tinha um feriado de “Nosso Pai” onde as pessoas se reuniam em um cortejo onde as pessoas passavam e tentavam ajudar os enfermos, faziam orações. A elite se organiza;
- Na saída do cortejo do convento, pegam o governador e levam para o Forte do Brum;
- Depois de ficar um tempo na prisão, o governador é deportado para Portugal;
- O governador para as Índias;
- É colocado um novo governador em Pernambuco – André Vidal de Negreiros – que ficou tempo suficiente para acalmar a elite.

|1684-1685: REVOLTA DE BECKMAN
- Local: Maranhão
- 1621-1750 (Pombal): era um estado que ficava separado administrativamente (Grão-Pará e Maranhão). Ou seja, não tinha um sentimento de pertencimento ao Brasil;
- Desde 1640 a vida estava mais difícil;
- Por volta de 1680, os portugueses chegam e ordenam que eles só comprem alimentos de uma empresa e se põe contra a escravidão indígena, só podendo arrecadar escravo africano;
- Esta empresa ficava no dever de trazer 500 escravos por ano, o que não fazia, ficando cada escravo mais caro;
- Notoriamente, era uma maneiro deles lucrarem mais;
- Empresa: Companhia de Comércio do Maranhão (1682)
- Tudo que o maranhense fazia, deveria passar por esta empresa;
- A vida do maranhense ficou mais cara, tendo gente que não conseguiu se alimentar mais;
- Vale ressaltar que ‘a vida mais cara’ ficou para a sociedade “normal” e para os ricos;
- Logo, há uma revolta por parte de todos;
- 1684: Incentivados pelos Irmãos Beckman (Tomás e Manuel), revoltosos (aproximadamente 60) invadem a Companhia de Comércio do Maranhão, tomam o Corpo da Guarda (um Oficial e 5 guardas), prendem os jesuítas
- 1685: Em fevereiro, os mesmos revoltosos formam a Junta Revolucionária com um único objetivo: o fim da Companhia de Comércio do Maranhão; Portugal convoca Tomás, mas na volta para o Brasil, o prendem;
- Portugal envia um novo Governador para o Estado do Maranhão, Gomes Freire de Andrade, que, ao desembarcar em São Luís, não encontrou resistência, até porque Manuel preferia a vida de seu irmão que estava preso;
- Os mais comprometidos com a revolta deliberaram pela fuga, enquanto Beckman permaneceu;
- Gomes Freire, então, restabeleceu as autoridades depostas, ordenando a detenção e o julgamento dos envolvidos no movimento, assim como o confisco de suas propriedades. Expediu ordem de prisão contra Manuel Beckman, que fugira, oferecendo por sua captura o cargo de Capitão dos Ordenanças. Lázaro de Melo, afilhado e protegido de Manuel, trai o padrinho e entrega-o preso, obtendo a cobiçada recompensa. Entretanto, empossado, os seus comandados repudiaram-lhe o gesto vil, recusando-se a obedecer-lhe as ordens. Queixando-se disto ao governador, afirma-se que Gomes Freire teria lhe respondido que prometera o cargo, não o respeito dos comandados.
- Apontados como líderes, Manuel Beckman e Jorge de Sampaio receberam como sentença a morte pela forca. Os demais envolvidos foram condenados à prisão perpétua. Manuel Beckman e Jorge Sampaio foram enforcados a 2 de novembro de 1685 (10 de novembro, segundo outras fontes). A última declaração de Manuel foi: "Morro feliz pelo povo do Maranhão!". Tendo os seus bens ido a hasta pública, Gomes Freire arrematou-os todos e devolveu-os à viúva e filhas do revoltoso.

|1708-1709: GUERRA DOS EMBOABAS/REVOLTA DOS EMBOABAS
|O que foi?
- São Paulo X quem não era de São Paulo;
- São Paulo descobre ouro em Minas Gerais;
- São Paulo se achava no direito de dizer que era tudo dele, descartando indígenas e pessoas de outras regiões;
- Paulistas chamavam pessoas de outras regiões de ‘emboabas’, que significa ‘forasteiro’, ‘aqueles que fazem o mal’, ‘aqueles que têm os pés emplumados’. Quando pessoas de outras regiões chegavam com botas (pessoas de São Paulo não usavam botas), eles pensavam: ‘Olha os emboabas!’. Por isso Guerra dos Emboabas;
- Forasteiros contra Forasteiros.

|Por que estudar Guerra dos Emboabas?
- Ideia de o Brasil é um país da paz não condiz com os documentos históricos;
- Relação de poder, quem ganha e quem perde. Quem ganha a maioria das revoltas deste período são as tropas de Portugal ou as tropas brasileiras que têm apoio de Portugal.

|Contexto
- 1707-1709: Brasil colônia, começando a descobrir ouro. Paulistas chegaram primeiro e entendiam que os que chegavam depois eram forasteiros. Para os forasteiros, os paulistas eram bandoleiros sem lei;
- Interiorização do território;
- Aumento populacional;
- Integração regional: as pessoas não precisam ficar olhando só para Portugal, ou seja, começa a ocorrer trocas regionais (CICLO DO OURO).

|Objetivo
- Pegar ouro.
- Os paulistas lutaram pela exclusividade das terras.

|Pessoal
- São Paulo: Jerônimo Pedroso e Manuel de Borba Gato
- Bahia: Manuel Nunes Viana (comerciante)
- Portugal: soldados, reis, deputados... Bento Continho (carrasco dos paulistas)

|Guerra
- Se achar índios, escraviza; se achar ouro, explora;
- Portugal dá a concessão de uso e venda das terras para a Bahia;
- Aumento dos valores dos produtos;
- 1708: paulistas abandonaram as armas; 2/3 já estão nas mãos dos emboabas; paulistas vão para outras regiões (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul);
- A Traição do Capão: os paulistas já estavam em processo de retirada, mas planejam fazer uma armadilha contra os emboabas em um capão. Porém, os emboabas vencem a armadilha e depois de dois dias de luta, eles cercam os paulistas. Os paulistas têm que desistir e falam com general Bento Coutinho que renunciavam é apenas pediram para saírem. O General “aceita” o pedido e os deixa ir. Quando os paulistas estão desarmados, prontos para se retirarem do local, os emboabas os pegam (umas 300 pessoas) e os matam.

|Final
- Portugal dividiu as regiões para cada um ter seu direito de extrair o ouro.

|1710: REVOLTA DO SAL
- Local: São Paulo
- Só tinha um fornecedor de sal (Instituição do Monopólio do Sal, criado em 1631 por Portugal) e este tinha que abastecer todos;
- Os compradores internos saíam prejudicados com este monopólio da venda de sal, visto que o preço sofria constantes mudanças e o produto não era encontrado facilmente;
- Havia um fazendeiro (Bartolomeu Fernandes de Faria) em Jacareí (São Paulo) que tinha eu alimentar muita gente; precisava demais do sal; há uma crise onde o único fornecedor parou de fornecer o sal por motivos particulares;
- O Fazendeiro esperou o governador de toda a capitania ir para as Minas Gerais buscar ouro. O Fazendeiro reuniu todos que trabalhavam para ele organiza a revolta. Os revoltosos vão a Santos e invadem o depósito onde acham sal. Eles pegam o sal, mas deixam o dinheiro equivalente. Eles picotam a ponte que liga o porto de Santos ao continente para atrapalha a Polícia. Chegam à fazenda;
- Em abril de 1711, D. João V envia uma carta ao juiz Antônio de Cunha Souto Maior ordenando a prisão de Bartolomeu;
- 1719: Bartolomeu morre de varíola no caminho para a prisão.

|1710-1711: GUERRA DOS MASCATES
- Local: Pernambuco
- Mascates X Fazendeiros

Grupo 01: Mascates
- Comerciantes
- Apelido pejorativo dado pelos aristocratas
- Local: Recife (Agrupamento, que depois vira Vila)
- Os mais ricos eram os portugueses

Grupo 02: Fazendeiros/Aristocratas
- Donos de terras
- Local: Olinda (Vila)
- Percebem que a cada ano possuem menos dinheiro (consequência da crise açucareira)
- Quando eles não têm dinheiro, eles compram escravos com empréstimos dados pelos comerciantes
- Chega a um momento que não conseguem pagar os juros
- Algumas vezes pode ocorrer de que, não quitando a dívida, penhorarem a fazenda

Obs.: ser Vila quer dizer que tinha Organização Administrativa, tinha Câmara Municipal, as pessoas se organizavam politicamente.

- Esta briga também foi regional. Recife pressiona o governo pela sua elevação a condição de Vila para sair do julgo de Olinda. Olinda, por sua vez, era contra a separação, pois perderia a arrecadação tributária. Em fevereiro de 1711 Recife passa a ser Vila, recebe uma Câmara Municipal, recebe investimentos. Os aristocratas já estavam ‘bolados’ por estar devendo. A partir do momento que Recife se torna Vila, fica difícil fazer pressão, porque agora eles podem se defender, visto que têm Câmara Municipal.

- Resumo: Mascates são os pobres que estão crescendo a ponto de Recife se transformar em Vila. E os fazendeiros são os ricos que começam a dever aos mascates.
- A Carta Régia que deu autonomia a Recife foi o estopim da revolta;
- Os fazendeiros se reúnem (ex.: Bernardo Vieira e Leonardo Bezerra) para organizar a invasão a Recife; incendeiam, soltam os presos e até o governador foge para a Bahia;
- Em 1711 os mascates vão a Olinda e incendeiam plantações. Vem um novo governador, Felix, pega sua tropa e pressiona os fazendeiros, prendendo Bernardo Vieira. Este é levado a Portugal, que morre asfixiado por causa da fumaça de uma fogueira que ele mesmo fez em sua sela;
- O novo governador transfere semestralmente a administração para cada uma das cidades. Assim, não há motivos para que uma fosse politicamente favorecida. Dessa maneira, Recife foi equiparada a Olinda, terminando a Guerra dos Mascates;
- 1714: D. João V anistia todos os envolvidos na revolta, mantem as prerrogativas político-administrativas de Recife e a promove a capital de Pernambuco.

|1711: MOTINS DO MANETA
- Local: Salvador
- 19/10/1711 - primeiro motim
- 02/12/1711 - segundo motim.

- Estamos em um contexto no qual Portugal vem a hora que quer, explora o ouro, escraviza o negro e o índio.
- Temos um país antigo, de Vilas, cuja capital é Salvador e temos duas cidades em crescimento: Minas Gerais e Rio de Janeiro.

- Na Europa temos guerras.
--- 16/08/1710: França decide atacar Portugal pela sua colônia (Brasil) levando 1000 homens o Rio de Janeiro. Foram cinco naus sob o comando de Jean-François Duclerc. Para não serem descobertos, eles colocam em seus navios bandeiras da Inglaterra, visto que Portugal tinha negócios com este país. Os franceses descem em Ilha Grande, partindo para o ataque. Quando se descobre que são franceses, o governador Francisco de Castro Morais consegue vencê-los.
--- Obs.: o líder dos franceses é morto em 18/03/1711. Não se sabe o (s) motivo (s).
--- Segunda Tentativa (Setembro de 1711): os franceses decidiram voltar ao Rio de Janeiro, mas desta vez com 17 embarcações, 4 mil homens e 700 canhões, sob liderança de almirante René Duguay-Trouin. O governador do Rio de Janeiro tem que abaixar a cabeça e ceder. Eles pedem 610.000 cruzados em dinheiro, 100 caixas de sal e 200 bois.

- D. João V, sabendo do episódio com os franceses, decidi investir em segurança. Com qual dinheiro? Ele aumenta os impostos e taxas:
--- Sal: de 480 réis para 720 réis;
--- O imposto devido por cada escravo vindo da África havia sido elevado de 3 para 6 cruzados;
--- Foi com esse excessivo aumento nas cobranças de impostos que foi decretada uma taxa de dez por cento sobre as mercadorias exportadas pela Colônia, destinadas à proteção costeira.
--- Estas taxas foram anunciadas em outubro de 1711 pelo novo Governador-geral do Estado do Brasil, Pedro de Vasconcelos de Sousa, que acabava de chegar à capital colonial, Salvador.

- Os colonos ficam ‘bolados’.

- O PRIMEIRO MOTIM [19/10/1711]
--- Em Salvador, João de Figueiredo da Costa (Maneta) e Lourenço de Almada (Juiz do Povo) foram os responsáveis por liderar os revoltosos.
--- Começaram com a distribuição de cartazes pela cidade;
--- Estando os revoltosos unidos, invadiram o comércio de Manuel Dias Figueiras, que, com seus sócios, detinha o monopólio da venda de sal.
--- Houve saque e depredação, marchando os populares, já com apoio de guarnições militares, rumo ao Palácio do Governador - sendo contidos apenas com a intervenção do arcebispo D. Sebastião Monteiro de Vide.
--- O governador, intimidado com a reação, prontamente desistiu de aplicar as sobretaxas, e os líderes do tumulto não foram punidos.

- O SEGUNDO MOTIM [02/12/1711]
--- Com a invasão e tomada da cidade do Rio de Janeiro, pelos franceses (Setembro/1711), o temor invadiu o povo na capital.
--- Providências eram exigidas pela população, mas o Governador-geral do Estado do Brasil, Pedro de Vasconcelos de Sousa, alegava que, não tendo recursos, nada poderia fazer.
--- Tendo à frente Domingos da Costa Guimarães, Domingos Gomes e Luís Chafet, o povo marchou até o governador que, acuado, enviou tropas ao Rio, encontrando a cidade restabelecida com o pagamento de resgate a René Duguay-Trouin.
--- O almirante francês já havia partido e, apesar de tencionar realmente o ataque à Capital, o mau tempo e naufrágio de duas das embarcações nos Açores deslocaram-no de tal empresa, seguindo então para Caiena.
--- O desvio dos franceses fez apaziguarem os ânimos da população e o governador, que enfrentara duas revoltas mal tendo assumido suas funções, procedeu ao castigo dos cabeças dessa última insurreição: foram açoitados em praça pública, e ainda pagaram multas e sofreram o degredo africano.

|1720: REVOLTA DE FILIPE DOS SANTOS/REVOLTA DE VILA RICA
- Um dos líderes é português.
- Data: entre 28 junho e 19 de julho de 1720
- Local: na então Vila Rica (Ouro Preto), cidade da Real Capitania das Minas de Ouro e dos Campos Gerais dos Cataguases, na Colônia do Brasil, pertencente a Portugal.

- 1720: temos uma Minas Gerais na qual pessoas querem ir, pessoas querem explorar, pessoas querem ir para pegar ouro.
- A produção das minas crescia, ao passo que os tributos enviados à Corte permaneciam estagnados. Em Portugal cobrava-se uma explicação; esta residia no contrabando, que enorme prejuízo causava à fazenda real. (Pedro Calmon)
- A Coroa Portuguesa se questiona como retirar ouro do interior. Há duas hipóteses:

I. Fiscalismo/Monopólio: fazer algumas empresas com o monopólio dos produtos. Assim, Portugal poderia controlar melhor a colônia.
II. Implantar as Casas de Fundição: local onde as pessoas levavam o ouro achado, o ouro era fundido e transformado em barras com o carimbo da Coroa Portuguesa. Isto ajudaria a fiscalização de Portugal. Com as Casas de Fundição, ficava proibida a circulação de ouro em pó – devendo todo o minério ser fundido em uma das instituições a serem criadas em Vila Rica, Sabará, São João del-Rei e em Vila do Príncipe – lugar em que seria pago o quinto. Por esta forma, sairia, dali, o chamado "ouro quintado", o único que poderia circular livremente – ou seja, que seria marcado com o sinete da Coroa, e sobre o qual teria sido pago tributo.

A situação anterior vigente, que as Câmaras de Vereadores aceitavam, era a de uma soma certa e fixa a ser paga ao final de cada ano. O então governador, dom Brás Baltasar da Silveira, insistira em impor o chamado imposto sobre as bateias, que consistia no pagamento por cada minerador de 12 oitavas de ouro (cada oitava equivale a 3,5859 gramas). As Câmaras propuseram que pagariam o tributo nas saídas, com a condição de que o ouro circulasse livremente. Ocorre uma insurreição, que resultou no pagamento pelas Câmaras do pagamento fixo de 30 arrobas; que, entretanto, continuavam a não atender aos anseios da Coroa (Calmon, Pedro). A esta taxa fixa de pagamento, era dado o nome de "finta" (Maior, A. Souto). Essas ordens resultaram na revolta de Pitangui, e deixaram a região em constante estado de descontentamento e de iminente sublevação (Aquino, Rubim Santos Leão de).

- Antecedentes
--- Contra aquele estado de coisas, o rei dom João V nomeou dom Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, Conde de Assumar, como governador. Sua função incluía aplicar, nas Minas, três disposições que contrariavam os interesses locais:

I. Anunciar a instalação, na capitania, de um bispado, objetivando a moralização do clero, que, ali, vivia dissolutamente, praticando desde delitos a desrespeito do celibato, além de envolver-se no tráfico do ouro.
II. Aplicação da Carta Régia de 25 de abril de 1720, onde se extinguiam funções, aumentava-se o poder do governador e, ainda, trazia, para as Minas, um contingente de Dragões; e
III. Imposição do cumprimento da Carta de 1728, que criava as casas de fundição, e que já causara tumultos.

--- O envio dos soldados era uma precaução contra a exorbitante cobrança imposta, antecipando a Coroa que haveria resistência. O Conde de Assumar já havia despertado a antipatia entre os mineiros e, quando os primeiros militares chegaram em Ribeirão do Carmo, Domingos Rodrigues do Prado liderava, em Pitangui, uma agitação contra o governador.
--- O transtorno que as casas de fundição iriam provocar (forçando o deslocamento até elas, despesas com burocracia, hospedagem, demoras etc.) era mais uma dificuldade que o povo não estava disposto a tolerar. Além de Pitangui, outros povoados se agitavam, e os dragões usam da repressão violenta, mas a crise se espalhara: estava acesa a chama que eclodiria na Revolta de Filipe dos Santos.

- Algumas pessoas começam a se mobilizar contra as Casas de Fundição.
- Filipe dos Santos Freire começa a conversar com as pessoas e conhece Pascoal da Silva Guimarães, o mais rico de Vila Rica, o mestre de campo, que devia ao governo 30 arrobas de ouro. Achou a pessoa certa!
- Outras pessoas: Manuel Mosqueira Rosa, Manuel Nunes Viana (líder dos emboabas – incitava o povo contra a quintagem do ouro).
- A Coroa começa a trazer pessoas para proteger as casas. Essas pessoas eram os militares, tropa, batalhão (chamados de Dragão).
- Os revoltosos decidiram que iriam na Noite de São Pedro na frente da Ouvidoria e iriam gritar ‘Viva o povo!’ para intimidar o Ouvidor Martinho Vieira.
- Três dias antes de eclodir o movimento, o filho de Pascoal – João da Silva – escrevera uma carta a Assumar, denunciando a conspiração, mas a única providência então tomada foi a de levar o fato ao conhecimento do Ouvidor.

E foi na noite de São Pedro, quando as fogueiras e espocar de fogos típica da festa ajudariam a ocultar suas movimentações, que por volta das onze horas da noite os conspiradores, mascarados, desceram das matas de Ouro Podre, onde possuía Pascoal Guimarães suas lavras e haviam adrede se reunido, tomando as ruas de Vila Rica rumo à casa do Ouvidor aos gritos de "Viva o povo!" – mas Martinho Vieira já tinha se evadido. Dirigiram-se, então, os revoltosos ao prédio da Câmara, quando Filipe dos Santos assume o comando dos acontecimentos, através da oratória. Os sediciosos, no Paço, elaboram um memorial ao Governador, então ainda em seu palácio em Ribeirão do Carmo. A redação coube ao letrado José Peixoto da Silva, e nela constavam as reivindicações dos mineiros:

I. Redução de vários tributos;
II. Diminuição das custas processuais;
III. Abolição dos monopólios comerciais do gado, fumo, aguardente e sal; e
IV. Fim das casas de fundição.

Não deporiam as armas, até terem atendidas todos os pleitos. Filipe dos Santos envia ao próprio José Peixoto como seu emissário ao Governador.

- José Peixoto dirige-se a Ribeirão do Carmo (cidade de Mariana), levando ao Conde o documento dos sediciosos. Vai a galope, gritando por todo o caminho: “As Gerais estão levantadas!”
- Conseguem uma reunião com o Conde de Assumar (responsável pelo processo de Fiscalismo).

O Conde, então, compreendeu que a situação chegara ao limite extremo e procurou ganhar tempo. Respondendo que faria as concessões, condicionou entretanto que a ordem fosse refeita. Comprometeu-se também a convocar uma Junta Geral para deslindar as questões todas – mas a manobra não foi aceita pelos rebelados. No dia 2 de julho os revoltados partem todos até onde estava o Conde, a passos largos e clamando que o povo tinha de ser atendido. O conde, entretanto, sem prever o desenrolar dos fatos, procurou fortificar-se em sua residência, aquartelando ali os soldados, pois achara prudente não se afastar dali. Pedira reforços ao Rio de Janeiro e, de imediato, ao saber que a multidão partira de Vila Rica, enviou um dos seus tenentes e a Câmara da Vila do Carmo para recebê-la à entrada da cidade.

A turba entra pacificamente na Vila, postando-se na praça diante do palácio do Governador onde, numa das janelas, Assumar fala a todos de modo conciliador e, para decepção dos líderes, é aclamado pela multidão. Novamente é enviado José Peixoto que, na sala de audiências, volta a apresentar as reivindicações por escrito, às quais se somaram o perdão geral, em nome do Rei e outros pedidos menores. A cada item, respondia o Conde: "deferido como pedem".

Peixoto, então, numa das janelas do Paço, anuncia ao povo o alvará concedendo-lhes todos os pleitos, e novamente a multidão explode em aclamação, fazendo-os voltar de onde tinham saído com a convicção de que eram vitoriosos. Imaginando-se livres das interferências da Coroa, das exações e prerrogativas impostas, partiram triunfalmente em retorno. O Governador, entretanto, agira por astúcia, jamais tencionando cumprir qualquer um daqueles compromissos.

- Após dois dias, Conde de Assumar envia 1.500 homens para tomar conta da cidade, tacam fogo nas casas dos líderes da revolta, prendem Filipe dos Santos e depois o enforcam, e prendem outros líderes.

Tão logo voltaram para suas casas os rebelados, Assumar cuida de organizar sua represália, fazendo reunir os Dragões e também os ricos da cidade, não afeitos aos de Vila Rica, para que pegassem em armas e fornecessem escravos para reforço das tropas, que então chegaram a 1500 homens. Ordenou o Conde aos Dragões que prendessem os cabeças do movimento: Pascoal da Silva, Manuel Mosqueira da Rosa, Sebastião da Veiga Cabral e alguns frades.

Antes que a Vila reagisse contra a prisão dos líderes, Assumar penetrou na cidade com todo o seu contingente, surpreendendo-a, a 16 de julho. Filipe dos Santos pregava a revolta diante das portas da igreja de Cachoeira do Campo, quando foi aprisionado e, em Sabará, foi capturado Tomé Afonso Pereira que ali conclamava a reação. Ludibriados, os partidários do levante ainda tentaram alguma represália, mas nada adiantou, com a chegada das tropas de Assumar, lideradas pelo sargento-mor Manuel Gomes da Silva.

O Conde então agiu com vingança e violência, mandando incendiar as casas dos rebelados, o incêndio alastrando-se e destruindo ruas inteiras do arraial que hoje leva o nome de "Morro da Queimada", que era onde ficava a residência de Pascoal da Silva. Outras ruas também foram consumidas pelo fogo.

Filipe dos Santos, tido por principal líder, foi julgado sumariamente.

- A morte de Filipe dos Santos
Algumas controvérsias existiam sobre como teria sido a execução do líder Filipe dos Santos. Clóvis Moura diz que não há consenso acerca de como lhe foi aplicada a pena capital: se enforcado e depois esquartejado, ou atado em quatro cavalos que, incitados, lhe estraçalharam o corpo. Diogo de Vasconcelos, entretanto, que é usado como principal fonte por Clóvis Moura, tratou esta última versão como um mito:

“Muitos em acordo com a lenda creem que o ataram de braços e pernas a quatro cavalos, e estes o despedaçaram espantados pelas ruas o que daria ao caso o rubor ao menos das crueldades clássicas. A verdade, porém, é outra talvez mais repulsiva: o enforcaram, e depois o ataram à cauda de um cavalo, e assim feito em pedaços.” (Diogo de Vasconcelos)

Outros autores, como Carlos Mota, consignam apenas que foi enforcado e esquartejado, o mesmo ocorrendo com Souto Maior. Pedro Calmon faz a seguinte descrição, sem ser específico:

“Preso, Filipe dos Santos foi enforcado, a 15 de julho de 1720. Proferiu no cadafalso, esta frase: "Jurei morrer pela liberdade, cumpro a minha palavra". O cadáver do rebelde foi esquartejado...” (Pedro Calmon)

Mota, contudo, complementa que, após o esquartejamento, teve a cabeça decepada pendurada num poste, e as outras partes de seu corpo expostas ao longo das estradas.

- As Casas de Fundição foram inauguradas em 1725.
- Após isso, a Capitania de São Paulo e Minas Gerais, que eram juntas, foram separadas. O governo resolveu separar, resolveu emancipar a Capitania de Minas Gerais.
- No movimento falou-se em República, o que faz com que a revolta seja considerada uma precursora da Conjuração Mineira de 1789.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AQUINO, Rubem Santos Leão; e outros. Sociedade brasileira - Uma História através dos movimentos sociais. Rio de Janeiro: Record 1999. p. 313-315.

AQUINO, Rubim Santos Leão de. «Rebeliões, guerras internas e repressão». In: Editora Record. Sociedade Brasileira: Uma História Através dos Movimentos Sociais (vol.1). 1999 2ª ed. São Paulo: [s.n.] pp. 318–22. 599 pp.

ARRUDA, José Jobson de A. (1996). Toda a História. [S.l.: s.n.]

CALMON, Pedro. «As Agitações Nativistas: Nas Minas». In: Cia. Editora Nacional. História da Civilização Brasileira. 1939 3ª ed. São Paulo: [s.n.] pp. 164–67

FIGUEIREDO, Luciano R. A. Rebeliões no Brasil colônia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2005 (Coleção Descobrindo o Brasil) pp. 7–11

HOLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira (t. I - A Época Colonial, vol. 1). São Paulo: Difel, 1985.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira (t. I - A Época Colonial, vol. 2). São Paulo: Difel, 1985.

Maior, A. Souto. «X - O sentimento nativista: a revolta de Vila Rica. Filipe dos Santos». In: Cia. Editora Nacional. História do Brasil. 1968 6ª ed. São Paulo: [s.n.] pp. 196–198

MELLO, Evaldo Cabral de. "o agosto do Xumbergas’’. In: A fronda dos mazombos: nobres contra mascates, Pernambuco, 1666-1715. Editora 34, 2003. pp. 19–50

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PESQUISA & TEXTO | Raphael Paiva
(Criador do Blog | Professor de História e Inglês | Responsável pela Correção Ortográfica)

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